Bruno Goulart
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) começou a se articular com força para as eleições de 2026 em Goiás. A sigla, que hoje conta apenas com a deputada Marussa Boldrin e o deputado Célio Silveira na Câmara Federal, quer recuperar o espaço que já teve um dia e garantir uma bancada expressiva em Brasília. A meta, segundo o senador Pedro Chaves (MDB), é eleger de quatro a cinco deputados federais, além de ampliar a representação estadual — atualmente formada por seis parlamentares.
“Queremos eleger de quatro a cinco deputados federais, mas temos que esperar março, quando ocorrem as filiações. Obviamente, vamos buscar outros nomes, tanto para a chapa federal quanto para a estadual”, afirmou o senador ao O HOJE. A reorganização, que também é uma prioridade do vice-governador Daniel Vilela, marca um novo ciclo de fortalecimento da legenda em Goiás, que mira 2026 como um ano decisivo para consolidar — de novo — o MDB como protagonista político no Estado.
Nomes
Entre as articulações mais comentadas, especula-se que o deputado federal Daniel Agrobom, atualmente no PL, possa migrar para o MDB. A possível filiação é vista como um ativo valioso, já que o parlamentar tem forte apoio do agronegócio e mandato em andamento — fatores que podem ampliar o alcance eleitoral da legenda.
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Outro nome que ganha destaque é o do deputado estadual Lucas do Vale, que pode concorrer a uma cadeira na Câmara Federal. Seu pai, o ex-prefeito de Rio Verde Paulo do Vale (MDB), chegou a colocar o nome à disposição para deputado federal, mas também é cotado para compor a chapa majoritária como possível vice de Daniel Vilela em 2026. Essa movimentação abriria espaço para o filho disputar uma das vagas para Brasília, o que reforçaria o núcleo do partido na Região Sudoeste, um dos redutos eleitorais mais estratégicos do Estado.
Com mandato e bom desempenho político, Marussa Boldrin é um nome forte do MDB para 2026 e não passa despercebida por outros partidos. Além disso, a parlamentar conta com o apoio do agro e goza da confiança do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, outro nome ventilado para vice de Vilela.
Ao O HOJE, a parlamentar afirmou que a tendência é continuar no partido em 2026. “O MDB tem grandes nomes e, com a liderança do Daniel, deve se fortalecer ainda mais. A definição partidária será só no ano que vem, mas a tendência é ficar, sim. É importante para todo partido ter cadeiras na Câmara”, afirmou Marussa.
Desafio do MDB
Para o cientista político Lehninger Mota, ouvido por O HOJE, a movimentação do MDB é estratégica, mas enfrenta um desafio central: construir uma chapa competitiva em meio à polarização política. “Partidos que vão lançar candidatos ao governo precisam mostrar a capacidade de montar chapas com nomes expressivos, que tenham puxadores de votos. Daniel Vilela vai correr atrás disso para chegar forte à Câmara Federal”, avalia Mota.
O cientista político afirma que o MDB tende a concentrar esforços nas chapas proporcionais, já que a vaga ao Senado tende a ser ocupada pela primeira-dama Gracinha Caiado como candidata. Neste cenário, o partido de Daniel Vilela, segundo o especialista, prioriza o fortalecimento das candidaturas à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) para ampliar sua base e demonstrar capacidade de articulação política.
Para Mota, o MDB e partidos tradicionais, como o PSDB, enfrentam dificuldades por ocuparem o centro político em um momento em que o eleitorado está dividido entre direita e esquerda. “Antes, prefeitos e vereadores eram decisivos no apoio a candidatos do MDB, mas hoje o voto está mais ideológico. O eleitor quer saber a posição do candidato. Essa mudança prejudica legendas de centro que dependem das lideranças regionais”, avalia.
Segundo o senador Pedro Chaves, a expectativa é de que todos os nomes sejam definidos até março de 2026, período em que ocorre a janela partidária para novas filiações e quando o MDB deve apresentar oficialmente sua nominata de candidatos. (Especial para O HOJE)