O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu nesta quinta-feira (6) a Cúpula dos Líderes, em Belém (PA), evento que reúne mais de 40 líderes globais dias antes da abertura oficial da COP30, marcada para a próxima segunda-feira (10). O encontro é a última etapa preparatória da conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
No discurso de abertura, Lula evocou um dito ianomâmi segundo o qual cabe aos seres humanos sustentar o céu para que ele não caia sobre a terra. A metáfora, explicou, reflete a responsabilidade coletiva diante da crise ambiental e a necessidade de proteger o planeta e os “mais vulneráveis”. Ele ainda destacou a escolha de Belém como sede da COP30, afirmando que é justo que “seja a vez dos amazônidas” de mostrar ao mundo as ações de preservação.
Lula afirma que “é o momento de agir”
O presidente afirmou que o desenvolvimento precisa seguir um modelo mais justo e de baixo carbono. “Espero que esta Cúpula contribua para empurrar o céu para cima e enviar nossa visão para além da que enxergamos hoje”, declarou, agradecendo aos que contribuíram para levar a conferência ao coração da floresta. Também defendeu que os países ricos reconheçam sua responsabilidade histórica nas mudanças climáticas e enfatizou que “é o momento de agir”.
Foto: Bruno Peres/ABr
Ao longo do discurso, Lula associou a Amazônia à “Bíblia”, conhecida por todos, mas interpretada de formas diferentes, e convidou os líderes estrangeiros a conhecerem a região. O petista afirmou que, quando se trata de preservação ambiental, “interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum”.
O líder brasileiro afirmou que será preciso superar dois descompassos: o primeiro, a distância entre a diplomacia e a realidade cotidiana, o segundo, o descompasso entre as disputas geopolíticas e a urgência climática. “As pessoas podem não entender o que são toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição. Podem não assimilar o significado de um grau e meio na temperatura global, mas sofrem com secas, enchentes e furacões”, afirmou.
Ainda, Lula criticou o uso de recursos em conflitos armados e defendeu o redirecionamento de investimentos para a preservação ambiental. “Justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza”, afirmou.
Cúpula dos Líderes e COP30
A Cúpula, busca alinhar posições entre países florestais tropicais e parceiros internacionais. O encontro não define resoluções formais, mas estabelece as diretrizes que guiarão as negociações da COP30. Após a abertura, os demais líderes discursarão sobre financiamento verde e transição energética.
Lula destacou que, pela primeira vez, uma conferência do clima será realizada na Amazônia. “No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica. Aqui correm os milhares de rios que formam a maior bacia hidrográfica do planeta e vivem as espécies que compõem o bioma mais diverso da Terra”, disse.
O presidente defendeu que os alertas da ciência sejam levados a sério e mencionou projeções que apontam perdas humanas e econômicas com o avanço do aquecimento global. Reforçou que é preciso abandonar os combustíveis fósseis e reverter o desmatamento. “A humanidade está ciente do impacto da mudança do clima há mais de 35 anos, mas foram necessárias 28 conferências para reconhecer a necessidade de se afastar dos combustíveis fósseis e parar de reverter o desmatamento”, lembrou.
Com o encerramento da Cúpula, os líderes deixam Belém com as diretrizes que nortearão a COP30.










