O Kremlin declarou nesta segunda-feira (15) que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está diretamente envolvida na guerra na Ucrânia. O porta-voz Dmitry Peskov afirmou que a aliança fornece apoio militar e logístico a Kiev e classificou essa atuação como equivalente a um enfrentamento direto com Moscou. “A Otan está de fato envolvida nesta guerra. A Otan está fornecendo apoio direto e indireto ao regime de Kiev, pode-se dizer com absoluta certeza que a Otan está lutando contra a Rússia”, declarou.
A fala reforça a narrativa russa de que a aproximação de Kiev da aliança militar ocidental foi um dos fatores que motivaram a invasão em fevereiro de 2022. Moscou insiste que a Ucrânia deve permanecer neutra e sem bases estrangeiras. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rebateu dizendo que não cabe à Rússia decidir quais alianças internacionais o país deve buscar.
O pronunciamento do Kremlin ocorre em meio a tensões adicionais entre Moscou e países da Otan após a violação dos espaços aéreos da Polônia e da Romênia por drones russos. Nos dois casos, aeronaves da aliança interceptaram e derrubaram os equipamentos. Até a semana passada, não havia registro de caças da Otan abatendo drones russos em seu próprio espaço aéreo desde o início da guerra.
Varsóvia relatou ter abatido ao menos três drones em 10 de setembro, episódio que levou ao fechamento temporário de quatro aeroportos, incluindo o de Varsóvia. Dias depois, Bucareste confirmou que um drone russo entrou em seu território durante ataques contra alvos ucranianos no Danúbio. O Ministério da Defesa romeno afirmou que o equipamento não chegou a sobrevoar áreas povoadas, mas Zelensky considerou que se tratava de “uma evidente expansão da guerra por parte da Rússia”. Moscou nega envolvimento em ambos os casos.
As incursões motivaram o anúncio da Otan de reforçar a defesa do flanco oriental, especialmente nos países bálticos e na Polônia. O secretário-geral Mark Rutte destacou que a mobilização prevê envio de tropas e veículos adicionais. O ex-presidente russo Dmitry Medvedev ironizou a medida e alertou que qualquer tentativa de criar uma “zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia” resultaria em confronto direto. “Falando sério, implementar a ideia provocativa de Kiev e de outros idiotas de criar uma ‘zona de exclusão aérea’ e permitir que países da Otan derrubem nossos drones significará apenas uma coisa: a guerra da Otan com a Rússia”, disse.
Em paralelo, Moscou iniciou exercícios militares conjuntos com Belarus, que começaram na sexta-feira (12) e devem ser concluídos nesta terça. A operação, batizada de “Zapad-2025”, inclui o lançamento de um novo míssil hipersônico. Segundo Rutte, esse tipo de armamento pode atingir capitais da Europa Ocidental em poucos minutos. O Ministério da Defesa bielorrusso convidou representantes de 23 países para acompanhar as manobras, entre eles militares dos EUA.
Washington vem tentando restabelecer laços com Minsk, após Lukashenko libertar 52 prisioneiros, incluindo jornalistas e opositores. Em contrapartida, os EUA aliviaram sanções à companhia aérea estatal Belavia. O representante de Trump, John Coale, afirmou que há planos de reabrir a embaixada americana em Belarus e ampliar relações comerciais.
Enquanto isso, as negociações para encerrar a guerra permanecem paralisadas. Peskov disse que Kiev mantém posição inflexível, e reforçou que Moscou não vê espaço para avanços diplomáticos no momento.
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