Israel caminha para a ocupação total da Faixa de Gaza, segundo informações divulgadas pela emissora israelense i24. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiu ampliar a ofensiva militar no território palestino e vai apresentar nesta terça-feira (5) ao gabinete de governo um plano para assumir o controle completo da região. A medida surge após o colapso das negociações por um cessar-fogo que permitisse a libertação dos reféns israelenses ainda sob poder do Hamas.
Também nesta segunda-feira, Netanyahu confirmou que essa semana haverá um encontro que será dedicado à definição de metas de guerra em Gaza. Embora não tenha detalhado o conteúdo da reunião, ele reforçou o objetivo de derrotar o Hamas, libertar os reféns e impedir que a Faixa represente riscos futuros. Segundo ele, é necessário continuar lutando para alcançar todos os objetivos da guerra, incluindo a eliminação das ameaças vindas de Gaza.
Fontes ligadas ao governo informaram à reportagem da emissora i24 que a nova fase da operação militar incluirá incursões em áreas onde os serviços de inteligência israelenses acreditam que estejam localizados os cativeiros dos reféns. Atualmente, estima-se que cerca de 50 israelenses ainda estejam em poder do grupo palestino, sendo que apenas 20 estariam vivos.
O endurecimento da estratégia militar ocorre em meio a uma nova onda de violência no território palestino. Na segunda-feira, ao menos 40 pessoas morreram em ataques aéreos e tiroteios promovidos por forças israelenses. Dez das vítimas estavam buscando ajuda humanitária quando foram atingidas, segundo informações de médicos locais. Os ataques aconteceram próximos a centros da Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
A ONU informou que, desde o início das operações da GHF em maio de 2025, mais de mil pessoas foram mortas enquanto tentavam acessar ajuda, a maioria por disparos feitos por militares israelenses próximos às instalações da fundação. O Ministério da Saúde de Gaza também reportou que outras cinco pessoas, entre elas crianças, morreram de desnutrição entre domingo e segunda-feira, elevando para 180 o número de mortes por fome desde o início do ano.
Em paralelo à escalada militar, Israel tenta buscar apoio internacional para lidar com a situação dos reféns. No domingo (3), Netanyahu se reuniu com representantes da Cruz Vermelha para solicitar a entrega de ajuda humanitária aos israelenses em poder do Hamas. O grupo, por sua vez, condicionou qualquer cooperação à abertura de corredores humanitários permanentes e à suspensão dos bombardeios durante a distribuição.
As negociações se intensificaram após a divulgação de um vídeo gravado por Evyatar David, um refém israelense capturado pelo Hamas. No registro, David aparece visivelmente enfraquecido, segurando uma lata de lentilhas e afirmando que não come há dias.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, reagiu às imagens e disse que o mundo não pode permanecer em silêncio diante do que chamou de abuso sádico deliberado dos reféns, incluindo a privação de alimento. Organizações humanitárias ainda não conseguiram acesso aos sequestrados, e os familiares seguem sem informações consistentes sobre o paradeiro ou as condições dos cativos.
A movimentação israelense acontece num momento delicado para a diplomacia do país. Nações como Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Portugal avaliam reconhecer oficialmente o Estado palestino durante a próxima Assembleia Geral da ONU, marcada para setembro.
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