Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, se reunirão “nos próximos dias”, segundo informações do Kremlin nesta quinta-feira (7). A cúpula será a primeira entre chefes de Estado americanos e russos desde o encontro entre Joe Biden e Putin em Genebra, em 2021, e ocorre em meio aos esforços da gestão Trump para encerrar a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Apesar da iniciativa bilateral, Moscou descartou a inclusão do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nas conversas. Putin declarou que não existem condições para uma reunião com o líder ucraniano neste momento, e que um encontro entre ambos só faria sentido em uma eventual fase final do processo de paz.
Trump havia indicado na quarta-feira (6) que poderia encontrar-se pessoalmente com Putin “muito em breve”. No dia seguinte, Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente russo, confirmou que houve uma proposta americana e que as partes chegaram a um “acordo de princípio” para realizar a reunião na próxima semana. O local ainda não foi definido, mas Putin sugeriu os Emirados Árabes Unidos como sede possível.
De acordo com Ushakov, as equipes diplomáticas dos dois países já estão trabalhando nos aspectos práticos da agenda. Ele reiterou que a sugestão de realizar o encontro partiu da administração americana e que, agora, os trabalhos caminham para viabilizar a realização o quanto antes.
O anúncio da cúpula acontece num momento de estagnação nas tentativas de cessar-fogo. Desde o início da invasão, em fevereiro de 2022, os bombardeios russos provocaram a morte de dezenas de milhares de pessoas, o deslocamento forçado de milhões e a destruição de áreas inteiras no leste e no sul da Ucrânia.
Mesmo com os apelos contínuos dos Estados Unidos, da Europa e do próprio governo ucraniano, Moscou se mantém firme em sua recusa a um cessar-fogo. Até agora, três rodadas de negociações diretas entre russos e ucranianos foram realizadas, sem avanços concretos. Em uma dessas ocasiões, em Istambul, a Rússia apresentou exigências como o reconhecimento da ocupação de partes do território ucraniano e a renúncia da Ucrânia ao ingresso na Otan, pontos considerados inegociáveis por Kiev.
Zelensky voltou a insistir nesta quinta-feira na necessidade de uma reunião direta com Putin. Segundo ele, o avanço para a paz só será possível se os líderes conversarem face a face. Ele destacou que há questões que só podem ser resolvidas nesse nível e reforçou que a Europa deve ser parte ativa das tratativas.
Em seu perfil nas redes sociais, Zelensky afirmou que a definição do momento e da pauta para esse encontro é essencial e que a participação europeia é indispensável. O líder ucraniano também relatou reuniões com Friedrich Merz, chefe do Governo alemão, e com o presidente francês, Emmanuel Macron. Ambos, segundo Zelensky, apoiam a mediação de Trump e defendem que a Europa apresente uma posição unificada sobre o conflito. “A Ucrânia não tem medo de reuniões e espera a mesma abordagem corajosa do lado russo”, escreveu Zelensky.
No dia anterior ao anúncio da cúpula entre Trump e Putin, o enviado americano Steve Witkoff esteve em Moscou para uma reunião com Putin, na qual propôs a realização de um encontro trilateral, incluindo também Zelensky. A proposta, no entanto, não foi respondida pela Rússia. Segundo Yuri Ushakov, Moscou optou por não comentar a sugestão.
A reunião entre Trump e Putin poderá sinalizar uma nova etapa diplomática, mas ainda sem a presença do principal país atingido pelo conflito.
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