A capital ucraniana voltou a ser alvo de ataques russos em larga escala na madrugada de sexta-feira (4), com o que autoridades descreveram como o maior bombardeio desde o início da guerra. De acordo com o governo da Ucrânia, 550 drones e 11 mísseis foram lançados contra o país, atingindo, principalmente, Kiev. A escalada ocorre um dia após uma conversa entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin.
Seis distritos da capital sofreram impactos diretos. Ao menos 23 pessoas ficaram feridas e houve danos em prédios residenciais, escolas, carros, linhas ferroviárias e até na sede diplomática da Polônia. Sirenes soaram por mais de oito horas, e estações de metrô se tornaram abrigo para dezenas de famílias durante a madrugada.
Imagens divulgadas por serviços de emergência mostram brigadas tentando conter focos de incêndio causados pelas explosões. Segundo a prefeitura, o sistema de defesa aérea conseguiu interceptar 268 drones e dois mísseis, mas o restante ultrapassou as barreiras, provocando estragos em várias áreas de Kiev. Outras regiões atingidas incluíram Sumy, Kharkiv e Chernihiv.
Os bombardeios aconteceram horas após o telefonema entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia. Segundo Trump, a conversa de quase uma hora não resultou em avanços e o presidente americano disse estar “muito decepcionado” com a falta de disposição de Putin para encerrar a guerra. Já o Kremlin reafirmou que Moscou seguirá com os ataques enquanto não alcançar seus objetivos.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reagiu à nova ofensiva dizendo que ela demonstrava o desinteresse da Rússia em negociar. Em publicação nas redes sociais, afirmou que se tratou de um ataque “cínico e significativo” e pediu a aliados, especialmente os Estados Unidos, novas sanções contra o governo russo. Segundo Zelensky, a ofensiva deixa claro que o Kremlin “não pretende acabar com a guerra”.
Do lado russo, o governo local confirmou a morte de uma mulher na região de Rostov, perto da fronteira com a Ucrânia, após um drone atingir uma vila. De acordo com o governador interino, o equipamento seria ucraniano. O país vizinho tem intensificado o uso de drones contra alvos dentro da Rússia em resposta aos bombardeios recentes.
A intensificação do conflito ocorre em meio ao anúncio do governo norte-americano de que irá suspender parte do envio de armamentos a Kiev. A medida preocupa as autoridades ucranianas, que enfrentam dificuldades para conter os avanços militares russos sem esse apoio logístico.
A guerra, que completou mais de três anos em fevereiro, segue sem perspectivas imediatas de cessar-fogo. Desde a invasão em larga escala, a Rússia tem buscado reconduzir a Ucrânia à sua esfera de influência, e Putin chegou a declarar que “toda a Ucrânia é nossa”, reforçando a ideia de anexação territorial. O cenário internacional, por sua vez, mantém-se dividido entre pressões diplomáticas e estratégias de contenção militar.
O novo recorde de drones lançados em uma única noite, superando os 537 da semana anterior, reforça a dimensão da ofensiva. Para analistas militares, o padrão adotado nas últimas semanas indica uma intensificação deliberada por parte da Rússia em meio ao enfraquecimento das tratativas internacionais.
Com o conflito travado no campo diplomático e com o aumento do número de civis atingidos, a população ucraniana vive sob tensão constante. A cada ataque, cresce também o desgaste humanitário, enquanto soluções políticas parecem mais distantes.
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