O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou nesta terça-feira (2) as propostas apresentadas pela Ucrânia e por líderes europeus para ajustar o plano de paz elaborado pelo governo de Donald Trump. Antes da reunião em Moscou com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, o líder russo afirmou que as condições sugeridas pelos europeus eram incompatíveis com os interesses de Moscou e acusou o continente de não buscar uma solução pacífica.
Segundo Putin, a Europa se excluiu nas negociações sobre o plano de paz porque cortaram relações diplomáticas com Moscou e “elas [potências europeias] estão do lado da guerra”. Em meio às críticas, declarou estar preparado para um confronto direto, afirmando que “se a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora”.
O plano original dos Estados Unidos reunia 28 pontos que, segundo Kiev e a União Europeia, favoreciam a Rússia. Entre as medidas estavam a cedência de um quinto do território ucraniano, a garantia de que a Ucrânia não ingressaria na Otan e a redução do Exército de Kiev de 900 mil para 600 mil militares. A imprensa norte-americana apontou que líderes europeus revisaram algumas cláusulas, incluindo a que tratava do efetivo militar, propondo um número maior, de 800 mil soldados. Putin classificou essas exigências como “totalmente inaceitáveis”, embora não tenha detalhado quais pontos rejeitou.
Vladimir Putin (Foto: Divulgação/ Casa Branca)
Putin se reúne com representantes dos EUA
A reunião com Witkoff ocorre em um momento em que Washington tenta reabrir caminhos diplomáticos. O enviado norte-americano foi a Moscou com a missão de entregar o plano atualizado, revisado pela Ucrânia e aliados europeus. O Kremlin informou que Putin também deverá receber Jared Kushner, que tem atuado nas tratativas. Apesar de afirmar disposição para negociar, o presidente russo condicionou avanços a concessões ucranianas e advertiu na semana passada que, em caso de recusa, a Rússia pretende conquistar tudo “pela força das armas”.
As discussões ocorrem paralelamente ao avanço das forças russas no front. Segundo mapas citados por fontes pró-ucranianas, a Rússia controla mais de 19% do território da Ucrânia e ampliou seu domínio em 2025 no ritmo mais acelerado desde o início da invasão, em 2022.
A situação se agravou após o anúncio de que a Rússia tomou Pokrovsk, no leste do país. A informação foi divulgada pelo porta-voz Dmitry Peskov, que relatou ter informado Putin sobre a tomada da cidade. O Ministério da Defesa divulgou imagens de soldados hasteando a bandeira russa no centro de Pokrovsk. Segundo comunicado, “o chefe do Estado Maior, Valeri Guerásimov, informou a Vladimir Putin sobre a libertação das cidades de Krasnoarmeysk (nome russo de Pokrovsk) e Vovchansk”, mensagem acompanhada de vídeo em que Putin, em uniforme militar, chama a conquista de “importante”. A Ucrânia, porém, não confirmou a perda.
A disputa por Pokrovsk ganha peso adicional porque o controle da região altera a capacidade logística ucraniana. Localizada próxima a Donetsk e ligada por rodovias e ferrovias estratégicas, a cidade influencia o abastecimento de tropas no leste. Sua queda permitiria à Rússia avançar para o oeste e pressionar áreas onde a defesa ucraniana está mais dispersa, além de aproximar as forças russas de cidades relevantes como Kramatorsk e Sloviansk.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em viagens a Paris e Dublin, afirmou que os combates em torno de Pokrovsk e Kharkiv seguem intensos, e mencionou a ofensiva russa em Vovchansk, também no norte do país.








