O empresário e rapper Sean Combs, conhecido mundialmente como P. Diddy, foi considerado culpado por duas das cinco acusações criminais que enfrentava na Justiça dos Estados Unidos. O veredito foi anunciado na manhã desta quarta-feira (2), após um julgamento que durou sete semanas e incluiu três dias de deliberação por parte do júri. Diddy foi absolvido das acusações mais graves — tráfico sexual e conspiração para organização criminosa —, mas foi condenado por transporte com fins de prostituição.
O caso teve início em novembro de 2023, quando a cantora Casandra “Cassie” Ventura, ex-namorada de Diddy, entrou com um processo acusando o empresário de tráfico sexual. Em setembro de 2024, ele foi preso em decorrência das investigações. O julgamento foi marcado por depoimentos de 34 testemunhas e acusações envolvendo violência, coerção, uso de drogas e exploração sexual ao longo de mais de uma década.
Júri absolve P. Diddy das acusações mais graves
Segundo os registros do tribunal, o julgamento foi concluído com os seguintes vereditos:
Contagem 1 – Conspiração criminosa: inocente
Contagem 2 – Tráfico sexual por força ou coerção (Cassandra Ventura): inocente
Contagem 3 – Transporte para fins de prostituição (Cassandra Ventura e trabalhadoras do sexo): culpado
Contagem 4 – Tráfico sexual por força ou coerção (“Jane”): inocente
Contagem 5 – Transporte para fins de prostituição (“Jane” e trabalhadoras do sexo): culpado
O júri, formado por oito homens e quatro mulheres, deliberou por aproximadamente 13 horas. Inicialmente, os jurados não conseguiram chegar a um consenso sobre a acusação de conspiração para organização criminosa, alegando divergência nas opiniões. O juiz federal Arun Subramanian, responsável pelo caso, instruiu o grupo a continuar as discussões, e o veredito final foi emitido na manhã seguinte.
Com a condenação nas acusações 3 e 5, Diddy pode enfrentar até 20 anos de prisão — 10 anos por cada acusação. A data da sentença ainda não foi definida. Se tivesse sido condenado pelas acusações de tráfico sexual e conspiração, poderia ter sido sentenciado à prisão perpétua.
O Rapper e sua ex-namorada Cassie Ventura
Detalhes do caso e da defesa
Durante o julgamento, os promotores alegaram que, entre 2004 e 2024, Sean Combs teria liderado uma rede de exploração sexual sustentada por sua fama e recursos financeiros. Segundo o Ministério Público, ele teria promovido sessões sexuais forçadas com namoradas e acompanhantes, muitas vezes sob o uso de drogas, e gravado os encontros sem o consentimento das vítimas. As acusações apontam que essas práticas ocorriam em diversas cidades, incluindo Nova York, Miami e Los Angeles.
Além disso, os promotores acusaram Combs de pagar passagens aéreas para acompanhantes masculinos que se relacionavam sexualmente com suas parceiras, em um esquema que chamavam de “freak offs”. Os relatos das vítimas indicam que ele utilizava violência física e ameaças para forçá-las a participar das sessões, muitas vezes mantendo-as sob efeito de substâncias como ecstasy.
A defesa, comandada pelo advogado Marc Agnifilo, não negou os episódios de violência doméstica, mas afirmou que “violência doméstica não é tráfico sexual”. O advogado sustentou que a promotoria teria extrapolado ao usar um processo civil para dar início a um caso criminal baseado em aspectos da vida pessoal de Combs. “Você pode chamar de troca de casais, ménage, do que quiser — é isso que é. É isso que as evidências mostram”, disse Agnifilo, em referência aos encontros sexuais filmados pelo empresário.
A equipe de defesa optou por não apresentar testemunhas. Em vez disso, exibiu mensagens entre Combs e Ventura que, segundo os advogados, indicavam consentimento e até entusiasmo por parte dela. O encerramento da defesa durou apenas 25 minutos.
Histórico e próximos desdobramentos
Esta não é a primeira vez que Sean Combs enfrenta processos judiciais de grande repercussão. Em 2001, ele foi absolvido de acusações relacionadas a um tiroteio em uma boate, ocorrido em 1999, que poderia tê-lo levado a uma pena de 15 anos de prisão. Em 1991, quando ainda era produtor iniciante, foi apontado como responsável por superlotação em um evento beneficente que terminou com a morte de nove pessoas, embora não tenha sido processado criminalmente.
O atual julgamento decorre de uma série de denúncias que vieram à tona após o processo de Cassie Ventura. A ação foi encerrada rapidamente, após um acordo de US$ 20 milhões. Desde então, mais de 50 processos civis contra Combs foram registrados, com alegações de agressão sexual que abrangem os 30 anos de sua carreira. Entre os denunciantes estão modelos, músicos e outros profissionais da indústria do entretenimento.
Em comunicado divulgado anteriormente, a equipe jurídica do artista negou todas as acusações: “Sr. Combs nunca agrediu sexualmente nem traficou sexualmente ninguém — homem ou mulher, adulto ou menor de idade”.
A sentença do caso criminal deve ser anunciada nas próximas semanas pelo juiz Arun Subramanian, que terá a responsabilidade de definir a pena com base na legislação federal dos Estados Unidos. Até lá, Sean Combs permanece em liberdade sob supervisão judicial.
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