Israel intensificou seus ataques aéreos sobre a Síria na quarta-feira (16), com alvos estratégicos em Damasco, incluindo o Ministério da Defesa e áreas vizinhas ao palácio presidencial. A escalada ocorre após a entrada de forças sírias em Suwayda, no sul do país, região de maioria drusa que tem sido palco de confrontos violentos entre milícias locais e forças aliadas ao governo.
Durante uma transmissão ao vivo da emissora estatal Syria TV, o momento exato em que o edifício do ministério foi atingido foi captado pelas câmeras. A âncora se abaixou diante da explosão, enquanto a fumaça se espalhava pela capital. O vídeo também foi divulgado pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que declarou: “Os golpes dolorosos começaram”.
Segundo autoridades israelenses, os bombardeios são uma resposta à ofensiva das tropas sírias em Suwayda, onde pelo menos 30 pessoas morreram em confrontos recentes. “O Exército continuará operando vigorosamente em Sweida para destruir as forças que atacaram os drusos até que se retirem completamente”, afirmou Katz. Entre os alvos, estão veículos militares em direção à região, incluindo tanques e caminhonetes armadas.
Tel Aviv justifica a operação com base nos laços históricos entre os drusos da Síria e os cidadãos drusos israelenses. O gabinete do premiê Benjamin Netanyahu declarou que Israel está “comprometido em evitar danos aos drusos na Síria devido à profunda aliança fraternal com nossos cidadãos drusos em Israel e seus laços familiares e históricos com os drusos na Síria”.
A resposta síria veio por meio de nota oficial. O Ministério das Relações Exteriores condenou os ataques israelenses, chamando-os de “uma flagrante violação da soberania da República Árabe Síria” e “um exemplo repreensível de agressão contínua e interferência estrangeira nos assuntos internos de estados soberanos”. O Ministério da Saúde relatou ao menos 13 feridos.
A nova fase do conflito sírio envolve o governo interino de Ahmed al-Sharaa, que assumiu após a queda de Bashar al-Assad com a promessa de inclusão política. Apesar disso, a comunidade drusa permanece desconfiada. A exclusão de seus representantes de negociações nacionais e o histórico radical de al-Sharaa aprofundaram o ceticismo. A exigência do governo de desarmar milícias drusas, que se recusam a abrir mão de sua autonomia, acirrou ainda mais a crise.
Nas últimas semanas, embates entre forças pró-governo e grupos armados em Suwayda reacenderam o temor de massacres. Em março e abril, confrontos semelhantes já haviam deixado centenas de mortos entre alauítas e drusos em outras regiões do país.
A tensão também se expressa entre os próprios drusos. Enquanto o líder espiritual Hikmat Al-Hijri pediu ajuda internacional, declarando que “estamos enfrentando uma guerra de extermínio completa”, outro grupo de líderes da comunidade apoiou a presença do Exército em Suwayda, pedindo desmobilização das armas e abertura de diálogo com Damasco.
Do lado internacional, os Estados Unidos demonstraram preocupação. O enviado especial Tom Barrack afirmou que Washington pediu a Israel que contivesse os bombardeios. Ainda assim, o governo Netanyahu reforçou que não aceitará presença militar síria no sul do país e declarou unilateralmente a criação de uma zona de desmilitarização na região, decisão rejeitada por Damasco.
O agravamento da crise também atingiu a cobertura da imprensa. Um repórter da Al Jazeera foi surpreendido por uma explosão em Damasco no momento em que se preparava para entrar ao vivo. Assim como a âncora da emissora síria, ele teve que se afastar diante da nuvem de fumaça que cobria o horizonte da capital.
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