A promotoria de Paris abriu uma investigação criminal contra a plataforma X, de Elon Musk, sob suspeita de envolvimento em esquema de ingerência estrangeira e uso indevido de dados. A apuração foi desencadeada após dois relatos recebidos em janeiro, apontando possível manipulação do algoritmo da rede com fins políticos.
A Direção Geral da Gendarmaria Nacional, responsável pela investigação, apura crimes relacionados à modificação de sistemas automatizados e extração de dados por organização criminosa. A promotoria solicitou à empresa, por ordem judicial, acesso ao algoritmo de recomendação e aos dados em tempo real da X.
Em resposta, a empresa afirmou que não vai colaborar. “Com base no que sabemos até agora, a X acredita que essa investigação distorce a legislação francesa para servir a uma agenda política e, no fim das contas, restringir a liberdade de expressão”, publicou o setor de assuntos públicos da rede.
A plataforma alegou que apresentou um canal seguro para fornecer informações confidenciais aos investigadores, mas ainda não teria recebido retorno. “Por essas razões, a X não atendeu às solicitações das autoridades francesas, como temos o direito legal de fazer”, acrescentou.
A recusa de Musk em cooperar ocorre em meio a um endurecimento da promotoria, que agora pode recorrer a escutas, buscas e até convocação de executivos. Caso ignorem as intimações, há risco de prisão. As possíveis penas chegam a dez anos.
A plataforma critica o uso de acusações ligadas ao crime organizado, alegando que isso abre caminho para vigilância sobre seus funcionários. A empresa também aponta que a investigação é parte de uma ofensiva contra a liberdade de expressão.
No centro do caso, estão denúncias de que o algoritmo do aplicativo favorece a circulação de mensagens racistas, xenófobas e discriminatórias. A Comissão Europeia já investiga a rede por violações à Lei de Serviços Digitais desde 2023.
Após confrontos com o STF brasileiro e apoio a setores da ultradireita europeia, Musk agora desafia o sistema judicial francês, rompendo com laços que já foram incentivados pelo próprio governo Macron.
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