Enquanto a quarta frente fria do ano avança sobre o centro-sul do Brasil, países europeus lidam com um cenário oposto. Desde o fim de junho, uma onda de calor se intensifica no continente, elevando as temperaturas a níveis históricos em diversas regiões. França, Espanha, Portugal e Itália estão entre os mais afetados, com registros que chegam a 46°C e consequências imediatas na rotina da população.
Na França, quase todas as regiões metropolitanas entraram em estado de alerta térmico entre os dias 30 de junho e 2 de julho. A previsão de calor extremo levou ao fechamento parcial ou total de cerca de 200 escolas e ao acionamento do nível máximo do plano de resposta em Paris. Medidas emergenciais foram ativadas para reduzir os impactos sobre grupos vulneráveis, e atrações como o topo da Torre Eiffel foram interditadas temporariamente. Os serviços ferroviários também enfrentaram interrupções, com trilhos superaquecidos afetando rotas de trens de alta velocidade.
No sudoeste da Espanha, a cidade de Granada atingiu 46°C, superando qualquer marca anterior já registrada para o mês de junho no país. A capital, Madri, e cidades turísticas como Sevilha também enfrentam temperaturas superiores a 40°C, o que mudou a dinâmica de visitação. Atividades ao ar livre foram deslocadas para períodos mais frescos do dia, enquanto locais com ar-condicionado, como museus e centros comerciais, se tornaram refúgios temporários. Em Barcelona, o mês de junho foi oficialmente o mais quente dos últimos cem anos, com uma média superior à de julho e agosto em anos anteriores.
Portugal também enfrentou recordes. Na cidade de Mora, a cerca de 100 quilômetros de Lisboa, os termômetros marcaram 46,6°C no domingo, estabelecendo a maior temperatura do mês nos últimos anos. A agência meteorológica nacional manteve o alerta na terça-feira para diversas áreas do país.
Na Itália, os efeitos do calor extremo levaram 21 cidades a decretarem estado de atenção máxima, incluindo capitais como Roma, Milão e Nápoles. Hospitais reportaram aumento nos atendimentos por problemas relacionados à insolação, especialmente em locais onde a umidade acentuou a sensação térmica. O público mais atingido inclui idosos, pacientes crônicos e pessoas sem acesso a ambientes climatizados. Como resposta, diversas cidades adotaram medidas de contenção. Em Roma, foi liberada a entrada gratuita em piscinas públicas para maiores de 70 anos. Veneza ampliou o acesso a espaços com ar-condicionado para idosos, e Ancona distribuiu desumidificadores a famílias de baixa renda.
O calor também tem impacto ambiental. Na França, há alertas para o risco de incêndios florestais diante do solo seco, da escassez de chuvas em junho e das temperaturas elevadas. O alerta preocupa produtores agrícolas, já que a colheita de grãos começou em meio a esse cenário.
No Mediterrâneo, o aumento da temperatura da água chama atenção. Em algumas áreas, como as Ilhas Baleares, os termômetros ultrapassaram 26°C, patamar geralmente observado em agosto. No Mar Balear, os registros chegaram a 30°C, seis graus acima da média para o período. A causa principal é a presença de uma massa de ar quente estacionada sobre o continente, fenômeno conhecido como cúpula de calor.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), episódios como esse devem se tornar mais comuns e intensos, à medida que o aquecimento global se agrava.
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