O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou estar decepcionado com Vladimir Putin, mas declarou que ainda não desistiu do líder russo. A declaração foi feita em entrevista por telefone à BBC News, um dia após o aniversário de um ano da tentativa de assassinato contra Trump durante um comício eleitoral em Butler, na Pensilvânia. Na conversa de 20 minutos, realizada do Salão Oval, o presidente também ameaçou impor sanções severas à Rússia e voltou a declarar apoio à Ucrânia e à Otan.
“Não confio em quase ninguém”, respondeu Trump ao ser questionado se ainda confiava em Putin. Segundo ele, um acordo para o fim da guerra já esteve próximo por quatro vezes, mas fracassou. “Estou decepcionado com ele, mas não desisti dele. Mas estou decepcionado com ele”, afirmou. Sobre os bombardeios russos, acrescentou: “Teremos uma ótima conversa. Eu direi: ‘Isso é bom, acho que estamos perto de conseguir isso’, e então ele derrubará um prédio em Kiev.”
Trump anunciou recentemente o envio de novas armas para a Ucrânia, incluindo o sistema de defesa Patriot, e estipulou um prazo de 50 dias para que Moscou aceite um acordo de cessar-fogo. Caso contrário, prometeu aplicar tarifas de 100% sobre a Rússia e advertiu que compradores de exportações russas também poderão ser sancionados. “Estamos muito, muito insatisfeitos (com a Rússia), e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias”, declarou.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta terça-feira (15) que as declarações de Trump são levadas a sério. “Certamente precisamos de tempo para analisar o que foi dito em Washington. E se e quando o presidente Putin considerar necessário, ele certamente comentará”, disse. Ele ainda declarou que “as decisões que estão sendo tomadas em Washington, nos países da Otan e diretamente em Bruxelas são percebidas pelo lado ucraniano não como um sinal de paz, mas como um sinal para continuar a guerra”.
O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, também reagiu. “Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin. O mundo estremeceu, esperando as consequências. A beligerante Europa ficou decepcionada. A Rússia não se importou”, escreveu Medvedev na rede social X, acrescentando que Moscou não teme as ameaças americanas.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, por outro lado, elogiou a mudança de postura de Trump. Em nota oficial divulgada após encontro com o chanceler da Áustria, Christian Stocker, ela afirmou: “Continuamos a não ver progressos do lado russo, que continua a atacar civis [ucranianos] de forma cada vez mais brutal, demonstrando o pouco compromisso de Moscou em construir a paz que todos buscamos, apesar do desejo de diálogo do governo Trump, que Putin decidiu não abraçar”.
Meloni destacou que “observamos uma mudança de postura por parte dos EUA e a saudamos”, referindo-se à ameaça de Trump de impor “tarifas secundárias” de 100% à Rússia caso não haja acordo em 50 dias. A declaração marca uma inflexão na relação entre os dois países, antes marcada por um discurso mais ambíguo de Trump em relação ao Kremlin.
Na mesma entrevista, o presidente americano evitou se aprofundar sobre a tentativa de assassinato da qual foi alvo. “Não gosto de pensar se isso me mudou”, disse. “Ficar remoendo isso poderia ser transformador.” Já sobre a Otan, entidade que anteriormente chamou de “obsoleta”, Trump afirmou seu apoio ao princípio de defesa mútua e disse que “o comércio é excelente para resolver guerras”.
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