Quem acompanhou o recente discurso de Bill Gates na Etiópia pôde ouvir diretamente do bilionário uma decisão que promete marcar sua trajetória: ele anunciou que vai doar 99% de sua fortuna, atualmente estimada em US$ 200 bilhões, para projetos de saúde e educação para a África ao longo dos próximos 20 anos. O anúncio ocorreu na sede da União Africana, em Adis Abeba, e foi amplamente repercutido pela imprensa internacional.
A doação será realizada por meio da Fundação Bill & Melinda Gates, criada em 2000. Segundo Bill Gates, a instituição deve encerrar suas atividades em 31 de dezembro de 2045, após concluir a destinação dos recursos para programas estratégicos. Em seu discurso, o cofundador da Microsoft ressaltou que o objetivo principal é investir em capital humano para impulsionar o desenvolvimento sustentável da região.
“Quero ser lembrado pelo impacto, não pela riqueza”, declarou Bill Gates. “As pessoas dirão muitas coisas sobre mim quando eu morrer, mas estou determinado a que ‘ele morreu rico’ não seja uma delas”, completou.
Bill Gates na Etiópia
Fundação terá foco em saúde, educação e tecnologia
A atuação da fundação, de acordo com o planejamento apresentado, será concentrada em áreas específicas: melhorias nos sistemas públicos de saúde, ampliação do acesso à educação de qualidade e aplicação de tecnologias como a inteligência artificial para enfrentar desafios locais. Entre esses desafios estão a mortalidade infantil, o acesso a água potável e a erradicação de doenças endêmicas, como malária e sarampo.
Atualmente com 69 anos, Bill Gates já destinou cerca de US$ 100 bilhões a projetos de desenvolvimento e saúde pública por meio de sua fundação. Com a nova decisão, a expectativa é que a instituição invista mais US$ 200 bilhões até seu encerramento, considerando também fatores como inflação e variações do mercado.
Segundo o bilionário, a iniciativa foi inspirada pelo ensaio “The Gospel of Wealth”, do industrialista Andrew Carnegie, que defendia a responsabilidade social dos detentores de grandes fortunas. Gates também mencionou o incentivo de outros filantropos, como Warren Buffett, que o motivaram a ampliar ainda mais suas doações.
Durante sua fala, Gates também criticou a redução dos orçamentos de ajuda externa por parte de países como Estados Unidos, Reino Unido e França, afirmando que tais cortes afetam negativamente as populações mais vulneráveis, especialmente em regiões africanas.
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Encerramento das operações da fundação de Bill Gates está previsto para 2045
De acordo com o cronograma apresentado, a Fundação Bill & Melinda Gates encerrará suas atividades até o final de 2045, após a aplicação completa dos recursos. “Estamos comprometidos com um plano claro de atuação e, ao fim desse ciclo, acreditamos que terá sido possível contribuir significativamente para mudanças estruturais”, afirmou Bill Gates.
Os principais objetivos da fundação são eliminar doenças evitáveis que causam mortes de mães e crianças, erradicar infecções como malária e sarampo e reduzir os índices de pobreza que afetam centenas de milhões de pessoas. A entidade também pretende atuar com políticas públicas e parcerias locais para garantir que os investimentos tenham continuidade e impacto após o encerramento das operações.
Apesar dos elogios recebidos, a fundação também enfrenta críticas. Algumas organizações afirmam que a instituição exerce influência excessiva sobre o sistema global de saúde e que o modelo de grandes fundações privadas pode ser usado como estratégia para reduzir obrigações fiscais. Gates tem respondido às críticas afirmando que sua prioridade é o impacto social positivo, independentemente das interpretações sobre suas motivações.
Recentemente, em entrevista ao Financial Times, ele atribuiu parte da responsabilidade pelos cortes em ajudas internacionais a decisões políticas e mencionou especificamente Elon Musk, alegando que o empresário teria influenciado a suspensão de subsídios a hospitais em países africanos, como Moçambique, resultando na elevação de casos de infecção por HIV.
O anúncio em Adis Abeba foi recebido com entusiasmo por líderes africanos presentes na cerimônia, que consideraram a decisão um marco para o futuro do continente. Para Gates, trata-se de um movimento planejado e alinhado com sua visão de filantropia. “Este é o caminho que escolhi”, concluiu.
A Fundação Bill & Melinda Gates seguirá ativa nos próximos anos, conduzindo projetos nas áreas priorizadas, até que, conforme previsto, encerre oficialmente suas atividades em 2045.
