A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) está monitorando dois casos confirmados de macacos com febre amarela no Estado. O primeiro foi registrado em Abadia de Goiás e o segundo em Guapó. Um caso suspeito em Aragoiânia foi descartado.
Diante da confirmação, a pasta emitiu um alerta epidemiológico a todos os municípios goianos e elaborou nota técnica com recomendações de reforço no monitoramento, intensificação da vacinação e coleta de amostras para exames específicos.
Em Abadia, um filhote da espécie bugio foi encontrado por moradores de uma chácara na zona rural e morreu pouco depois. O óbito foi notificado no dia 25 de agosto e, na semana seguinte, o Laboratório Central de Saúde confirmou a presença do vírus da febre amarela. A Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com a SES, intensifica a imunização dos moradores e a coleta de mosquitos para mapear a circulação viral. A pasta reforça que os macacos não transmitem o vírus, sendo vítimas, assim como os humanos.
Para apoiar as cidades, o Estado dispõe de cinco vans de vacinação que são enviadas mediante solicitação dos municípios. Uma dessas unidades já foi deslocada para Abadia de Goiás e a expectativa é que Guapó também receba reforço nos próximos dias. Segundo a SES, as equipes estaduais acompanham as prefeituras nas ações de bloqueio, investigação e incentivo à vacinação.
A febre amarela é causada por um vírus transmitido pela picada de mosquitos silvestres, sobretudo dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Macacos funcionam como sentinelas: quando adoecem ou morrem, sinalizam a circulação da doença. A secretaria alerta que eliminar ou maltratar os animais não impede a propagação do vírus e ainda compromete o monitoramento.
Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, a confirmação da morte de um macaco por febre amarela em Abadia indica o retorno da circulação viral no Estado. “O vírus circula de forma cíclica, a cada cinco a sete anos. O que nos preocupa é que as coberturas vacinais estão muito baixas, principalmente em crianças menores de um ano. Se eu tenho o vírus circulando e baixa cobertura, significa que tenho pessoas suscetíveis”, afirmou.
Ela reforça que a população não deve maltratar os animais. “Quem transmite é o mosquito. Os macacos são nossos aliados no monitoramento da doença, pois geralmente morrem antes dos humanos. É muito importante comunicar a secretaria de saúde sobre qualquer animal doente ou morto e manter a vacinação em dia”, destacou.
Baixa cobertura vacinal e medidas de prevenção reforçam alerta da SES-GO
Em Goiás, a cobertura vacinal contra a febre amarela está em 71,57%, abaixo da meta de 95% estipulada pelo Ministério da Saúde. A vacina faz parte do calendário básico: as crianças devem receber a primeira dose aos 9 meses e o reforço aos 4 anos. Pessoas de 5 a 59 anos não vacinadas devem tomar dose única. Desde 2017, o Brasil adota a aplicação de apenas uma dose para toda a vida.
O último caso de febre amarela em humanos em Goiás foi registrado em 2017. Em 2025 não houve notificações, mas a SES alerta para o risco diante da baixa imunização e da circulação confirmada em primatas. A doença tem início semelhante a dengue e chikungunya, com febre alta, dor no corpo e mal-estar, podendo evoluir para formas graves com complicações hepáticas e risco de morte.
Ao encontrar macacos mortos ou doentes, a população deve evitar contato e notificar imediatamente as autoridades sanitárias. O registro pode ser feito pelo aplicativo SISS-Geo, que envia as informações em tempo real para todas as instâncias do SUS. Também é possível acionar as secretarias municipais de saúde.
Entre as medidas de prevenção, além da vacinação, estão o uso de roupas compridas, repelente e atenção redobrada em áreas de mata ou rios, especialmente nos horários de maior atividade dos mosquitos transmissores. Na área urbana, o Aedes aegypti também pode atuar como vetor.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, de notificação compulsória imediata. Todo caso suspeito deve ser comunicado em até 24 horas às autoridades locais. O tratamento é apenas sintomático, exigindo repouso e acompanhamento hospitalar. Nas formas graves, o paciente deve ser internado em UTI para reduzir complicações e risco de óbito. Medicamentos como AAS não devem ser utilizados devido ao risco de hemorragias.
A SES reforça que manter a vacinação em dia é a principal forma de proteção. Pessoas que forem viajar para áreas de risco devem atualizar o cartão de vacinas e adotar medidas de prevenção contra picadas de mosquitos.
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