Um bebê de 1 ano e 6 meses, abandonado pela família, vive há mais de um ano dentro da UTI de cardiopediatria do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia. Clinicamente estável e sem necessidade de cuidados intensivos, o menino permanece confinado em um cercadinho dentro da unidade porque ainda aguarda decisão judicial sobre seu futuro.
Segundo relatos, o ambiente fechado da UTI tem impactado o desenvolvimento da criança. Sem acesso à luz natural, ele apresenta alterações no sono e passa a maior parte do tempo sem estímulos externos. “Às vezes ele troca a noite pelo dia, fica acordado durante a madrugada e agora de manhãzinha geralmente é o tempo que ele tá dormindo. UTI é super complicado”, relatou uma pessoa ligada ao caso, sob anonimato.
De acordo com médicos e enfermeiros, o bebê nunca teve contato direto com o mundo exterior desde que passou a viver no hospital. A rotina se resume ao espaço restrito da cardiopediatria, onde os profissionais se tornaram, na prática, sua única referência afetiva.
Impasse judicial
O menino foi internado ainda recém-nascido e, com o tempo, perdeu totalmente o vínculo com os pais. Desde então, Conselho Tutelar e Justiça acompanham a situação, mas sem avanços práticos.
Há mais de um ano tramita um processo em segredo de justiça para definir se a criança será encaminhada para adoção ou para um abrigo. A morosidade mantém o impasse e o bebê continua ocupando um leito que poderia ser destinado a outro paciente em estado grave, já que a UTI do Hugol opera constantemente lotada.
Recentemente, o processo foi remetido ao Ministério Público de Trindade, cidade onde a família do menino supostamente reside. Porém, o MP-GO informou que os autos chegaram à 3ª Promotoria de Justiça de Trindade em 26 de agosto de 2025. O órgão já solicitou informações ao hospital e aguarda resposta para definir as próximas medidas.
O Hoje entrou em contato com o Conselho Tutelar de Trindade e com o Hugol, mas não obteve retorno sobre a atual situação do paciente até o momento. O espaço continua aberto.
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