O presidente colombiano Gustavo Petro anunciou a proposta da chamada “Paz Total”, quando assumiu o poder em 2022. O objetivo era ampliar os acordos firmados em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e reduzir a violência interna por meio de cessar-fogos com diferentes grupos armados. Três anos depois, porém, o governo de Petro vem sendo motivo de críticas pela oposição.
A violência — que já havia dado sinais meses atrás com o atentado contra o senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência pelo Centro Democrático, que levou o colombiano à morte — voltou a crescer na última quinta-feira (21), quando a Colômbia registrou dois ataques em sequência. Em Cali, um caminhão-bomba explodiu próximo à Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, deixando sete mortos e mais de 70 feridos, segundo o prefeito Alejandro Éder. Outro veículo carregado de explosivos foi localizado, mas não chegou a ser detonado. Todas as vítimas eram civis, incluindo um menor de idade.
“Peço à Colômbia que mantenha as vítimas deste ataque terrorista em suas orações. Não pensem que isso é só em Cali, isso atinge todo o país. A segurança está se deteriorando”, declarou Éder, que ofereceu recompensa de até 400 milhões de pesos (cerca de R$ 545 mil) por informações sobre os responsáveis.
Na mesma noite, em Amalfi, no departamento de Antioquia, 13 policiais morreram e quatro ficaram feridos após o helicóptero em que estavam ser atingido durante uma operação contra cultivos ilícitos. O ataque foi atribuído à Frente 36, outra dissidência das Farc.
O presidente Petro, que esteve em Cali para liderar um conselho de segurança, confirmou a prisão de dois suspeitos do atentado com um caminhão-bomba. “O ataque foi realizado por apenas duas pessoas, sem armas, mas cheias de explosivos. A própria população capturou os suspeitos”, afirmou. Ele associou os ataques a reações contra operações recentes das forças de segurança no Cânion de Micay, na região de Cauca.
As explosões em Cali e a queda do helicóptero em Amalfi se somam a outros episódios recentes de violência. Em junho, uma série de ataques atribuídos ao Estado-Maior Central (EMC) deixou sete mortos em Cali e outros oito em Cauca. Em janeiro, uma escalada de confrontos entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidências das Farc resultou em mais de 100 mortes e milhares de deslocados em Catatumbo, na fronteira com a Venezuela.
A oposição responsabiliza diretamente Petro pela piora da segurança. “Os ataques terroristas em Cali e Amalfi refletem o que toda a Colômbia está vivenciando. A chamada ‘Paz Total’ nada mais é do que a rendição do país às organizações criminosas”, escreveu o prefeito de Medellín, Fico Gutiérrez, adversário derrotado por Petro nas eleições de 2022.
O ex-presidente César Gaviria, líder do Partido Liberal, afirmou em carta que “é evidente que a chamada política de paz total do governo de Gustavo Petro fracassou em seu objetivo de reduzir a violência”.
Petro, por sua vez, defendeu sua estratégia com dados da Polícia Nacional que mostram queda na taxa de homicídios em comparação com governos anteriores. Ainda assim, admitiu a gravidade dos últimos episódios. “Hoje foi um dia de morte”, declarou ao comentar os ataques.
Com a aproximação das eleições presidenciais de 2026, a crise de segurança ganha peso no debate político. Para a população, imagens de explosões, ataques contra forças policiais e deslocamentos forçados reforçam o temor de que a Colômbia esteja revivendo capítulos de violência que se acreditava superados.
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