Com a iminência da disputa eleitoral de 2026, a principal questão no espectro político à direita do país é quem será o representante direitista e opositor ao projeto político vigente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Favorito para suceder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), brilha os olhos dos caciques dos partidos que compõem a centro-direita brasileira — porém, já não é unanimidade entre os bolsonaristas.
O evento que marcou a filiação do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que saiu do PL para voltar ao PP na última semana, foi visto como um ato político de Tarcísio. A cerimônia reuniu diversas lideranças do Centrão, como Antônio Rueda, presidente do União Brasil; Ciro Nogueira, presidente do PP; Gilberto Kassab, presidente do PSD. Mandatário do PL de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto também marcou presença no evento, porém, a quantidade de bolsonaristas fieis ao ex-chefe do Executivo passou longe de ser chamativa.
O boicote de parlamentares ligados a Bolsonaro aconteceu pela expectativa de que o evento fosse um palanque político para o governador paulista — o que se concretizou. Em sua fala, Tarcísio exaltou o grupo político presente e projetou a união em 2026. “Tem outra coisa que é importante e não pode sair despercebida: o simbolismo dessa reunião aqui. É a quantidade de lideranças que nós temos aqui, do Brasil inteiro. Para quem duvida que esse grupo estará junto no ano que vem, eu digo para vocês: esse grupo estará unido. Esse grupo vai ser forte. Esse grupo tem projeto para o Brasil e sabe o caminho”, disse.
Entre a cúpula bolsonarista mais radical, as conversas são de que Tarcísio pouco briga pelas pautas principais do grupo — leia-se anistia pelos presos do 8 de janeiro e inelegibilidade de Bolsonaro. A postura pacífica frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) também não agrada os aliados do ex-presidente.
Leia mais: Caiado amplia agenda nacional e mira reduto lulista com críticas ao governo
Durante o evento, Ciro tratou da expectativa para o pleito de 2026 e, em nome da União Progressista — federação que une União Brasil e PP — garantiu apoio ao projeto do governador. “Elegemos um governador para ser exemplo para o Brasil. E é por isso que talvez o Brasil vá chamar o governador Tarcísio. Ou agora ou em 2030. Quem vai decidir isso é o povo de São Paulo e do Brasil. Mas pode ter toda certeza de que, se houver essa decisão, governador, estaremos, tanto o União Brasil quanto o Progressistas, ao lado do Brasil”.
Tarcísio é o nome preferido do Centrão. Porém, o bloco entende que o governador precisa do aval de Bolsonaro para ser o nome forte para derrotar Lula no próximo ano. O ex-presidente, sabendo de seu capital político e dos problemas que enfrenta, já que é réu por golpe de Estado, ainda não se decidiu.
A possibilidade de Bolsonaro lançar alguém de seu clã, e nesse cenário a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são os cotados, existe. O endosso a uma eventual candidatura de Michelle ou Eduardo ao Palácio do Planalto, ao invés de Tarcísio, agradaria alas mais radicais que não enxergam no governador um representante integral do bolsonarismo. Entretanto, tal decisão iria desagradar profundamente os partidos do Centrão que acreditam em um nome menos radical para as próximas eleições — ou seja, Tarcísio. (Especial para O Hoje)