Os vereadores de Goiânia articularam, ainda no recesso, duas Comissões Especiais de Inquérito (CEI) para esmiuçar questões problemáticas herdadas, sobretudo, da última gestão da capital. Até o momento, elas ficaram apenas no papel e não avançaram.
Vereador mais votado da capital, em 2024, Vitor Hugo (PL) propôs a CEI da Saúde. Em seu primeiro discurso, ele reforçou ser independente e pediu apoio da base governista para conseguir as assinaturas para a abertura da Comissão, com intuito de investigar “graves irregularidades na saúde pública de Goiânia, herdadas da gestão anterior”, que incluem o fechamento de hospitais; a falta de leitos; mortes de pacientes à espera de UTIs; e a prisão do ex-secretário de Saúde, Wilson Pollara, e outros.
A outra é a CEI do Rombo, proposta no primeiro dia de sessão por Willian Veloso e Coronel Urzeda, ambos do PL. Segundo Veloso, a Comissão objetiva “investigar o déficit histórico de quase R$ 4 bilhões nas contas públicas de Goiânia durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz”. E ainda: “A CEI buscará esclarecer os bastidores desse rombo, identificar os responsáveis e garantir que a verdade seja exposta à população.”
Conforme apurado com fontes da Câmara, os vereadores não conseguiram reunir o número de assinaturas para abertura. Antes, 11, agora são 13. A Câmara, hoje, tem como oposição os três vereadores do PT (Fabrício Rosa, Edward Madureira e Kátia Maria), Aava Santiago (PSDB) e parte do PL.
Oséias Varão estaria, de fato, na oposição. Vitor Hugo, Urzeda e Veloso seriam independentes. “Os requerimentos estão prontos, mas as assinaturas dependem do clima”, informa uma fonte da Casa de Leis. Com uma base ampla para o prefeito Sandro Mabel (União Brasil), é possível que a instalação das CEIs não ocorra, ou sejam adiadas – mesmo que digam respeito à gestão passada.
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O Jornal O HOJE conversou com Willian Veloso, que confirmou a dificuldade em conseguir abrir a Comissão Especial de Inquérito. “Muitas dificuldades. Até o momento, consegui somente sete assinaturas.” Ainda segundo o vereador, o papel dele está feito. “Fiz a minha parte. Agora cabe aos colegas vereadores decidirem se apoiam ou não a minha provocação.”
Vitor Hugo também foi procurado pelo veículo de comunicação. Até o fechamento, contudo, não houve retorno.
CEI
Assim como a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Congresso, a Comissão Especial de Inquérito é uma ferramenta de investigação das Câmaras Municipais. Elas, contudo, não julgam ou acusam, apesar de produzirem provas para a elucidação de irregularidades constatadas.
Ao fim dos trabalhos, a CEI apresenta um relatório das conclusões e leva o mesmo em votação. Caso seja conclusivo, ele é encaminhado ao Ministério Público, que pode dar continuidade. Mas este parecer da Comissão também pode ser levado ao prefeito, em caso de servidores públicos ou secretários envolvidos.