Nas duas últimas eleições, Marconi Perillo (PSDB) foi favorito a senador até às vésperas da votação. Incorreu em erros para os quais seus aliados o alertaram: fim de ciclo, pleito polarizado e ele fora dos extremos, seus aliados eram pilantras e o abandonariam. Insistiu. Perdeu ambas. Agora, o enredo se repete: vai bem demais nas pesquisas para quem era considerado morto politicamente e os bajuladores o estimulam para ir de qualquer jeito. Com uma diferença.
Na edição de domingo (26), Marconi estrela a principal nota da principal coluna de uns dos três principais diários do País. Melhor ainda: reconhece que, como presidente do diretório nacional do PSDB, tem que direcionar para os candidatos a deputado federal as verbas dos fundos partidário e eleitoral. Ainda que o recém-adquirido Ciro Gomes queira se aventurar à Presidência da República ou voltar ao Governo do Ceará, o cofre está destinado a quem significa dinheiro — o repasse é calculado pelo número de deputados federais eleitos em todo o Brasil.
Isso é ótimo/bom, é ruim e é péssimo para a sigla. Conforme se lê abaixo, pode ser de bom a ótimo se Marconi mesmo sair a federal, no caso de não ter chance de retorno ao Palácio das Esmeraldas, a sede do Governo do Estado. Será ruim porque desestimula desde já os que gostariam de enfrentar as urnas e estão de bolsos vazios. E vai de péssimo a lastimável se a decisão for acompanhada de um aventureiro ao cargo de Lula. Nesse caso, vai ser surrado sem dó e ainda atrapalhar as alianças regionais.
Sendo consciente em 2026 como se negou a ser em 2018 e 2022, vai copiar o exemplo de Aécio Neves, personagem muito maior, o melhor governador de Minas Gerais desde Juscelino Kubitschek. Aécio teve a humildade de reconhecer que perderia a reeleição de senador em 2018 e se conformou com a Câmara dos Deputados, que presidiu e deu oportunidade para o próprio Marconi — um dos trunfos no enfrentamento a Iris Rezende em 1998, quando ousou e derrotou o até então maior mito da política de Goiás, abaixo apenas de JK e Pedro Ludovico, foi ter aproveitado a chance que Aécio lhe deu de relatar a cassação de Sérgio Naya, o que fez no Rio de Janeiro um prédio com areia da praia. Aécio está no segundo mandato seguido de deputado e Marconi, o segundo mandato seguido sem mandato.
Como está bem melhor que nos dois pleitos anteriores, Marconi pode ter deixado a soberba crescer proporcionalmente. Sobrevive porque lhe restam três patrimônios:
Um grupo pequeno, porém fiel e qualitativo, depurado dos adesistas e outros insetos. Articulam, prestam e não bajulam. Gente do nível de Celso Borges, Eliane Pinheiro, Fabianne Leão, família Lage, Hélio de Sousa, Itamar Leão, Matheus Ribeiro…
De seus quatro governos, dois foram realmente ótimos, o 1° e o 2°. O desempenho foi caindo até chegar a dois sofríveis.
Deixou muitos ficarem milionários e nem todos são ingratos. Basta ver suas campanhas de senador — perdeu, mas correram rios de notas vivas de reais.
Dados o desempenho e a expectativa, conclui-se que o PSDB consegue mandar à Câmara dos Deputados Marconi, Lêda Borges e mais três. Será o melhor desempenho no Brasil. É o que sobrou. O superpartido em São Paulo virou munha. Seus governadores pularam fora. Ou Marconi acorda ou pode amanhecer 2027 sendo presidente nacional de uma ficção.
Partido pode atrair quem foge dos grandes
Se Marconi Perillo destinar realmente de 70% a 80% dos esforços e recursos para os candidatos a deputado federal, o PSDB será bem procurado. Em 2022 abriu um precedente, pois elegeu Lêda Borges com 51.346 votos. Houve quem tirasse 50% a mais e ficou na suplência.
Foto: Divulgação
Lucas Vergílio estava com elogiável desempenho no Congresso, era uma grande revelação da política nacional e teve quase 25 mil votos a mais que Lêda: 76.283. Resultado: ficou fora. Ficou um tempo na equipe do governador Ronaldo Caiado, deixou a Secretaria de Relações Institucionais para o pai, o ex-deputado Armando Vergílio, e se elegeu vereador em Goiânia no ano passado.
Também mais votado que Lêda, o professor Edward Madureira, considerado excelente reitor da Universidade Federal de Goiás, repousa na 1ª suplência do PT. Igual a Lucas Vergílio, tem de se contentar com cadeira na Câmara da Capital.
Então no MDB, Márcio Corrêa igualmente venceu Lêda e perdeu a eleição. Para seu bem, agora é prefeito de Anápolis. Assim ocorreu com outros dois mais votados que Lêda, Danillo Pereira, então vice-prefeito de Rio Verde, e Rafael Gouveia, que perdeu e foi abrigado na Emater.
Em 2026, com Marconi candidato a governador ou deputado federal, o PSDB vai se tornar atraente. Com isso, aumenta a musculatura na campanha, ainda que o fundão tucano não seja lá essas coisas.










