A vazão do Rio Meia Ponte entrou oficialmente em nível de alerta neste mês de julho, após cair abaixo dos 9 mil litros por segundo, acendendo o sinal de atenção para a segurança hídrica na Região Metropolitana de Goiânia. O dado, divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), mostra que o principal manancial da capital escoava, no dia 9 de julho, apenas 8.540 litros por segundo, com média móvel da semana em 8.775 L/s. Apesar da queda, a Companhia Saneamento de Goiás (Saneago) afirma que o abastecimento segue normalizado, sem risco imediato de racionamento.
Os dados do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (Cimehgo) revelam uma redução progressiva desde abril. Naquele mês, a média de vazão foi de 22,2 mil litros por segundo. Em maio, o número caiu para 12,7 mil. Junho fechou com 10,2 mil, e agora, julho já registra 8,9 mil litros por segundo — pior valor registrado em 2025 até agora. Comparando com julho de 2024, quando a média foi de 10,1 mil L/s, a queda é de mais de 1,2 mil litros. O atual nível se aproxima da faixa “crítico 1”, que é acionada quando a vazão atinge 5.500 litros por segundo.
A estiagem prolongada contribui para o cenário: são 15 dias seguidos sem chuva. O gráfico de tendência hídrica mostra uma curva descendente constante da vazão ao longo do ano. A comparação com os anos anteriores também preocupa: a média atual é inferior às registradas em 2021 (10 mil L/s), 2022 (9,4 mil L/s) e 2023 (7,1 mil L/s), e próxima dos níveis de 2019 e 2018, considerados entre os piores da série histórica.
Apesar do alerta, a Saneago afirma que o sistema segue sob controle. Segundo a Companhia, a atual vazão do Meia Ponte é mais do que suficiente para manter a operação normal da Estação de Tratamento de Água (ETA) Meia Ponte, que tem capacidade de captar e tratar até 2 mil litros por segundo — ou seja, menos de 25% do volume disponível neste momento.
Goiânia conta hoje com três sistemas produtores interligados, que utilizam dois mananciais principais: o próprio Meia Ponte (captação superficial) e o Sistema Mauro Borges/João Leite (água represada). Em 2018, 59% da água consumida na capital vinha do Meia Ponte. Hoje, essa dependência caiu para 36%, com o João Leite respondendo por 64% do fornecimento.
A ETA Mauro Borges opera com vazão de 4 mil litros por segundo e a ETA Jaime Câmara com 2 mil. Além disso, o volume da barragem do João Leite está em 96%, o que dá margem para reforçar a distribuição, caso haja necessidade. Os sistemas são interligados por uma adutora que permite transferir até 800 litros por segundo do João Leite para áreas atendidas pelo Meia Ponte. Essa interligação será ampliada com a conclusão das obras do Conexão Cristina — investimento de R$ 64 milhões para implantar 4,8 km de adutora e um novo booster, garantindo integração total entre os dois sistemas.
Mesmo com a operação regular, a Saneago reforça o pedido de uso consciente da água durante o período de estiagem. A Companhia destaca que já fez sua parte ao atingir com dez anos de antecedência a meta nacional de redução de perdas. Enquanto o Novo Marco Legal do Saneamento exige que até 2033 os sistemas operem com perdas de até 25%, a empresa já opera com 22,7%. Em Goiânia, o índice é ainda menor: 10,7%, o que coloca a capital entre as melhores do País.
Por fim, a Companhia ressalta que, no momento, não há previsão de racionamento, já que a vazão atual, mesmo em queda, ainda está dentro da faixa que garante a normalidade do fornecimento. Seguimos monitorando, com capacidade técnica e operacional para enfrentar o período seco com segurança , informou a Saneago em nota.
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