Na tarde desta terça-feira (9), o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a mesa diretora da Câmara dos Deputados, interrompendo a sessão e causando suspensão imediata da transmissão da TV Câmara, por volta das 17h40. Diante da resistência do parlamentar em deixar o posto, a Polícia Legislativa foi acionada; ao mesmo tempo, profissionais de imprensa foram retirados do plenário, impossibilitando o registro do ocorrido.
O deputado ocupou a cadeira da presidência da Câmara para evitar sua cassação, depois do anúncio da votação do PL da Dosimetria. A ocupação da mesa ocorreu durante discussão de pauta no plenário e levou à paralisação dos trabalhos. A retirada da imprensa gerou questionamentos entre jornalistas que acompanhavam a sessão, devido à impossibilidade de registrar imagens enquanto a crise se desenrolava.
“Eu vou ficar aqui calmamente, com toda tranquilidade, exercendo o meu legítimo direito político de não aceitar como fato consumado uma amnistia para um conjunto de golpistas, diminuição de pena para Bolsonaro de dois anos, manutenção da mesma situação política, mantendo os direitos políticos de Eduardo Bolsonaro e gerando para mim que fizesse enfrentamento oito anos de ineligibilidade”, disse o deputado no plenário.
Até às 18h20, a Depol ainda não tinha conseguido tirar o deputado da Casa. “Assim como aqueles deputados de extrema direita que vieram e ocuparam esse espaço em articulação com um deputado que está nos Estados Unidos por uma tentativa de golpe de Estado. Vamos ver se terá a decisão de solicitar a polícia legislativa que me arranque dessa cadeira e me tire do plenário”, afirmou Glauber Braga.
Em nota, a assessoria da Câmara afirmou que a medida não configurou restrição à liberdade de imprensa. Segundo o comunicado, o objetivo da retirada temporária dos profissionais seria “preservar o deputado” durante a ação policial.
Glauber Braga, antes de ser removido, discursou no microfone principal e criticou a condução dos trabalhos legislativos, acusando a direção da Casa de cercear manifestações parlamentares.
Glauber Braga e greve de fome:
Em abril de 2024, em Brasília, o Partido Novo protocolou no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados uma denúncia que pode resultar na cassação do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). A representação acusa o parlamentar de agressões físicas dentro das dependências da Casa, envolvendo o militante do MBL Gabriel Costenaro e o deputado Kim Kataguiri (União-SP).
De acordo com o documento apresentado pelo Novo, Glauber teria se envolvido em confrontos com Costenaro e Kataguiri nos corredores da Câmara. Imagens e depoimentos coletados pelo Conselho de Ética indicam que a discussão entre o parlamentar e o militante começou de forma verbal em um dos anexos, mas rapidamente escalou.
O conflito evoluiu para empurrões e chutes atribuídos ao deputado do PSOL, supostamente em uma tentativa de retirar Costenaro à força das áreas internas do Legislativo. As gravações e testemunhos reforçaram que o episódio ocorreu durante um acalorado embate político.
Glauber Braga, em sua defesa, afirmou que reagiu a provocações “constantes” de integrantes do MBL contra ele e seus correligionários. Segundo o deputado, Costenaro teria ultrapassado limites ao atacar a honra de sua mãe, que morreria semanas após o tumulto no Parlamento.








