O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (8) um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas, marcando uma possível virada no conflito que já dura dois anos na Faixa de Gaza. A negociação, confirmada por representantes israelenses, palestinos e pelos mediadores do Catar e do Egito, foi realizada no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh.
De acordo com Trump, o pacto integra a primeira fase de seu plano de paz para o Oriente Médio. O acordo prevê a libertação de cerca de 20 reféns ainda mantidos pelo Hamas, em troca de prisioneiros palestinos, além da retirada parcial das forças israelenses da região. Também está prevista a ampliação da entrada de ajuda humanitária em Gaza, fortemente limitada desde o início da guerra.
Primeira fase do plano de paz
O cessar-fogo deve ser formalmente assinado nesta quinta-feira (9), no Egito. Segundo Trump, os reféns deverão começar a ser libertados já no fim de semana. Em publicação no Truth Social, o presidente americano afirmou: “Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e eterna”.
Trump também agradeceu aos mediadores que participaram das negociações. “Todas as partes serão tratadas com justiça. Este é um grande dia para o mundo árabe e muçulmano, Israel, as nações vizinhas e os Estados Unidos. Agradecemos ao Catar, Egito e Turquia por tornarem este evento histórico e sem precedentes possível”, disse.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, confirmou que o acordo corresponde à primeira etapa do plano de paz proposto por Trump. “O cessar-fogo em Gaza levará ao fim da guerra, à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e à entrada de ajuda”, declarou. Ele informou ainda que mais detalhes sobre o pacto serão divulgados posteriormente.
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Reações em Israel e Gaza
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, classificou o acordo como “um ponto de virada crucial”, descrevendo-o como “um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral” para o país. Em comunicado, Netanyahu agradeceu ao presidente americano por “seu compromisso inabalável com a segurança de Israel e a liberdade de nossos reféns”.
O gabinete israelense deve se reunir nesta quinta-feira para aprovar formalmente o pacto, mas não há expectativa de entraves internos para sua validação. “Com a ajuda de Deus, traremos todos os reféns para casa”, afirmou o premiê.
Organizações que representam familiares dos reféns comemoraram o anúncio do cessar-fogo e destacaram que continuarão mobilizadas até que todos os sequestrados sejam libertados.
Em comunicado divulgado por meio do Telegram, o grupo Hamas pediu que Trump e os mediadores árabes garantam o cumprimento integral do acordo por parte de Israel. O movimento afirmou que cabe aos negociadores “obrigar o governo israelense a implementar o acordo e impedir qualquer tentativa de atraso ou descumprimento das cláusulas estabelecidas”.
Em janeiro, um cessar-fogo semelhante, também negociado por Trump, acabou rompido após pressões internas sobre a coalizão de ultradireita do governo Netanyahu.
Destroços em Gaza – Imagem: Ibraheem Abu Mustafa
Negociações e plano de paz para Gaza
As conversas que levaram ao novo acordo começaram na segunda-feira (6), em Sharm el-Sheikh, uma semana após Trump apresentar oficialmente sua proposta de paz para Gaza.
Na sexta-feira anterior, o Hamas havia divulgado nota expressando disposição em colaborar com o plano norte-americano, que previa a libertação de todos os reféns israelenses ainda em cativeiro em troca de prisioneiros palestinos. Em resposta, o gabinete de Netanyahu informou que o país se preparava para a libertação dos reféns e avaliava as condições do acordo.
Trump apresentou sua proposta em 29 de setembro, durante reunião com Netanyahu na Casa Branca. Na ocasião, o primeiro-ministro israelense declarou que o plano “atinge nossos objetivos de guerra”.
Apesar da sinalização positiva, o Hamas não indicou concordância com todas as condições propostas, especialmente em relação à exigência de desmilitarização de Gaza. Netanyahu, por sua vez, já afirmou publicamente que não pretende encerrar a guerra enquanto o grupo mantiver armamento ativo.