O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no sábado (1º) que pediu ao Departamento de Defesa que se prepare para uma ação militar “rápida” na Nigéria caso o país não contenha os ataques aos cristãos. Em postagem no Truth Social, Trump afirmou que os EUA interromperiam imediatamente toda assistência à Nigéria e que, se tropas fossem enviadas, atuariam “com armas em punho” para eliminar os grupos extremistas responsáveis pelas “atrocidades horríveis”.
Trump classificou a Nigéria como um “país desonrado” e alertou que qualquer ação seria rápida e contundente, “assim como os bandidos terroristas atacam nossos queridos cristãos”. A publicação ocorreu um dia após o governo norte-americano reincluir a Nigéria na lista de “países de preocupação particular” por supostas violações à liberdade religiosa, lista que inclui China, Myanmar, Coreia do Norte, Rússia e Paquistão.
Reação da Nigéria ao anúncio de Trump
Em resposta às declarações de Trump, o governo nigeriano afirmou neste domingo (2), segundo o G1, que aceitaria qualquer assistência militar dos EUA, desde que respeitasse a soberania nacional.
O presidente Bola Tinubu rejeitou as acusações de intolerância religiosa de Trump e destacou os esforços do governo para proteger a liberdade de crença no país de mais de 200 milhões de habitantes. “A caracterização da Nigéria como religiosamente intolerante não reflete nossa realidade nacional, nem leva em consideração os esforços consistentes e sinceros do governo para salvaguardar a liberdade de religião e crenças para todos os nigerianos”, afirmou.
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O Ministério das Relações Exteriores da Nigéria reforçou que continuará lutando contra o extremismo e prometeu defender todos os cidadãos, independentemente de raça, credo ou religião. “Como a América, a Nigéria não tem outra opção a não ser celebrar a diversidade, que é nossa maior força”, destacou o comunicado.
Presidente Bola Tinubu (Foto: Reprodução/ @officialABAT)
A Nigéria enfrenta há mais de 15 anos uma insurgência jihadista, liderada por grupos como Boko Haram e Estado Islâmico da África Ocidental.
Crise de violência religiosa
Segundo a organização Portas Abertas, a Nigéria é o país onde mais cristãos são mortos por causa da fé. Milícias fulani e grupos terroristas atacam vilarejos, igrejas e líderes comunitários, provocando massacres, deslocamentos forçados e destruição sistemática de comunidades cristãs. Relatórios da Ajuda à Igreja em Necessidade indicam que ataques em 29 de maio e 23 de junho de 2023 mataram pelo menos 1,1 mil cristãos, incluindo 20 pastores e sacerdotes.
Em junho de 2025, outro massacre no estado de Benue deixou cerca de 200 mortos, episódio que levou o papa Leão XIV a pedir proteção internacional. “Rezo para que a segurança, a justiça e a paz prevaleçam na Nigéria, um país amado e tão afetado por diversas formas de violência. Rezo especialmente pelas comunidades cristãs rurais do Estado de Benue, que têm sido incessantemente vítimas de violência”, declarou o pontífice na época.
A situação é agravada pela impunidade. A USCIRF afirma que o governo nigeriano frequentemente demora a reagir e falha em responsabilizar os agressores.
A presença militar norte-americana na África Ocidental diminuiu significativamente com a retirada de cerca de mil soldados do Níger no ano passado, embora os EUA mantenham pequenas forças para exercícios na região. A maior base norte-americana no continente fica em Djibouti, na África Oriental, com mais de 5 mil soldados, servindo como ponto de operações regionais.
Com ataques recorrentes e alta taxa de impunidade, a Nigéria permanece como o país com o maior número de cristãos mortos por motivos religiosos.










