Bruno Goulart
A condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado embaralhou as peças do tabuleiro político da direita. Entre os governadores cotados como possíveis presidenciáveis — Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR) —, é Tarcísio quem desponta como o nome mais forte.
Ao O HOJE, o cientista político Lehninger Mota destacou que, apesar da condenação, Bolsonaro continua a ser o principal líder da direita. “O que continua claro e notório é que a polarização no Brasil está longe de acabar. As pesquisas da Quest deixam evidente uma divisão sobre como as pessoas enxergam o julgamento e a prisão de Bolsonaro. Ainda que não seja meio a meio, há um equilíbrio. Bolsonaro continua sendo o detentor dos votos, ou pelo menos o líder mais importante da direita”, avaliou.
Leia mais: Bolsonaro tem alta médica após exames apontarem anemia e pneumonia por broncoaspiração
Segundo Mota, qualquer candidatura da direita só terá viabilidade real com o aval de Bolsonaro. “O apoio do Bolsonaro é fundamental para quem queira chegar ao segundo turno. Tarcísio recentemente mostrou disposição em articular a anistia e ser coroado com a anuência do Bolsonaro, sendo o candidato da direita. Se não conseguir a anistia agora, pode buscar o perdão presidencial depois, caso eleito”, disse.
União Progressista pode apoiar Tarcísio
Lehninger avalia que o União Progressista, partido ao qual Ronaldo Caiado está filiado, deve se alinhar ao projeto de Tarcísio. “Com uma possível candidatura do Tarcísio, é provável que o União Progressista tenha uma tendência grande de apoiá-lo como nome mais forte. Ele já chega com uma intenção de voto expressiva nas pesquisas. Ciro Nogueira, presidente do Progressista, já se manifestou nesse sentido”, destacou.
Nesse cenário, Caiado teria de repensar seus planos presidenciais. “O Caiado tem a opção de ser candidato a presidente por outro partido menor. Também tem o direito de lutar dentro do próprio partido para que sua candidatura aconteça. Mas é muito provável que, se ele insistir na intenção de concorrer à presidência, precise sair por uma legenda menor”, explicou Mota.
Nos bastidores, a avaliação é de que Caiado pode retornar a Goiás em 2026 e disputar uma vaga ao Senado e repetir a estratégia de outros ex-governadores que optaram por consolidar espaço no Legislativo.
Valdemar reforça papel de Bolsonaro
A fala do cientista político encontra eco no discurso dos dirigentes partidários. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à CNN, poucas horas antes da condenação de Bolsonaro, que a escolha do candidato em 2026 caberá exclusivamente ao ex-presidente. “Quem decide isso é o presidente Bolsonaro. Ele vai decidir quem será nosso presidente e o candidato a vice. Quem ele apontar será bem recebido pelo partido”, declarou.
Valdemar revelou ainda que Tarcísio já acenou com a possibilidade de migrar para o PL. “Foi ele que falou para mim que viria para o PL se for candidato à Presidência da República. Será muito bem-vindo”, disse.
O governador de São Paulo, no entanto, tem repetido que não será candidato ao Planalto sem o apoio de Bolsonaro. Publicamente, Tarcísio mantém o discurso de que pretende disputar a reeleição no Estado, mas interlocutores afirmam que a movimentação nos bastidores indica um projeto nacional em construção.
O HOJE entrou em contato com as assessorias do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e do Progressistas, Ciro Nogueira. Os dois disseram que não comentariam o cenário. (Especial para O HOJE)
O post Tarcísio cresce e ameaça projeto presidencial de Caiado apareceu primeiro em O Hoje.