A partir de 2025, mulheres com endometriose atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) contarão com duas novas alternativas de tratamento: o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. A ampliação da oferta de medicamentos foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e anunciada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como parte da atualização tecnológica do sistema público de saúde.
A medida deve beneficiar milhares de brasileiras que convivem com dores intensas, cólicas e impactos na fertilidade provocados pela endometriose, uma doença inflamatória crônica que afeta entre 10 e 15% das mulheres em idade reprodutiva.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 190 milhões de pessoas no mundo vivem com a condição. A enfermidade ocorre quando células semelhantes ao tecido do endométrio crescem fora do útero, podendo atingir ovários, trompas, bexiga, intestino e outros órgãos.
De acordo com o Ministério da Saúde, o DIU-LNG é especialmente indicado para pacientes que não podem usar anticoncepcionais combinados. Além de ser eficaz no controle dos sintomas da endometriose, o dispositivo tem ação prolongada e precisa ser trocado apenas a cada cinco anos. Já o desogestrel, um contraceptivo oral, atua bloqueando a ovulação e pode ser prescrito ainda na fase inicial de suspeita clínica, mesmo antes da confirmação diagnóstica.
Apesar de serem conhecidos como métodos contraceptivos, os dois medicamentos só serão ofertados pelo SUS com a finalidade terapêutica para endometriose. Para fins de contracepção, a rede pública já oferece gratuitamente o DIU de cobre, anticoncepcionais orais e injetáveis, pílula de emergência, diafragma e preservativos.
A decisão foi comemorada por especialistas e profissionais de saúde, que destacam os impactos positivos para o bem-estar das pacientes. “Trata-se de um avanço na qualidade de vida das mulheres e de uma ampliação necessária diante da alta prevalência da doença no Brasil”, afirmou Padilha. Entre 2022 e 2024, os atendimentos especializados relacionados à endometriose no SUS aumentaram 70% e as internações, 32%.
O tratamento da endometriose na rede pública inclui atualmente duas abordagens: clínica, com uso de hormônios, analgésicos e anti-inflamatórios; e cirúrgica, indicada para casos mais severos, com técnicas como videolaparoscopia ou histerectomia, de acordo com cada situação.
A inclusão dos novos medicamentos sinaliza o compromisso do SUS em oferecer recursos baseados nas melhores evidências científicas, ampliando o acesso das mulheres a terapias mais modernas e eficazes contra uma doença que, embora comum, ainda é subdiagnosticada e cercada de tabus.
Com as mudanças previstas para 2025, o Ministério da Saúde reforça a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico contínuo, lembrando que sintomas como cólicas intensas, dor nas relações sexuais, alterações intestinais e dificuldade para engravidar podem ser sinais da endometriose e devem ser investigados.
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