Quase dois milhões de pessoas foram retiradas de áreas costeiras e de risco no sul da China ante a aproximação do supertufão Ragasa, que já deixou dezenas de mortos e causou inundações severas em Taiwan.
Ragasa, que chegou a ser classificado como a tempestade mais forte do ano, atravessou nesta quarta-feira (24) as ilhas das Filipinas, e áreas montanhosas de Taiwan antes de atingir Hong Kong e se dirigir à província de Guangdong.
O tufão, com força equivalente a um furacão de categoria 3, provocou ventos fortes, deslizamentos e alagamentos. Em Taiwan, o rompimento de uma barragem natural, formada por detritos de um deslizamento em julho, liberou 68 milhões de toneladas de água que invadiram residências em Guangfu e causaram inundações em Hualien.
As autoridades vinham alertando por semanas sobre o risco do lago formado pelos detritos e concluíram que não era viável drenar ou remover a barreira, optando pelo monitoramento. A previsão inicial estimava risco até outubro, mas não previa chuvas extremas; o professor Kuo-Lung Wang, da Universidade Nacional Chi Nan, observou que qualquer tufão forte poderia acelerar o processo.
Com o colapso, uma ponte em Hualien foi levada pela correnteza; residências foram inundadas. A Agência Nacional de Incêndios chegou a registrar 152 desaparecidos, número depois reduzido a 17 após contato com pessoas antes sem comunicação. Em balanços preliminares foram citados até 15 óbitos, e há relatos de 18 feridos relacionados ao rompimento.
O vice-chefe dos bombeiros de Hualien, Lee Lung-sheng, descreveu a dimensão da enchente: “em alguns pontos, a água chegou ao segundo andar das casas e atingiu cerca de um andar no centro da cidade, onde começa a baixar”. Equipes locais seguem realizando buscas e esclarecendo o número de vítimas e desaparecidos.
Em Hong Kong, o impacto foi sentido com força. Rajadas máximas de 168 km/h derrubaram árvores e arrancaram andaimes; o Observatório registrou marés de tempestade superiores a três metros. Ao menos 90 pessoas ficaram feridas e 885 buscaram abrigo em centros temporários. Escolas, empresas e o transporte público foram suspensos, e o aeroporto principal fechou temporariamente, provocando cancelamentos de voos.
Macau e Hong Kong, juntas somando mais de oito milhões de habitantes, emitiram o alerta máximo de furacão e viram ruas se transformar em rios. No início da tarde, Ragasa começou a se afastar rumo à costa oeste de Guangdong, e os serviços meteorológicos locais reduziram o nível de alerta, ainda que a recuperação e a mobilização de recursos continuassem.
No continente, a província de Guangdong informou que retirou preventivamente 1,89 milhão de pessoas até a noite de terça-feira (23), realocou mais de 10 mil embarcações e mobilizou 38 mil bombeiros. Autoridades em Zhuhai relataram evacuações de moradores de prédios à beira-mar para hotéis, ginásios escolares e casas de parentes.
Uma moradora disse ao Hongxing News que, em três décadas vivendo em Zhuhai, foi a primeira vez que precisou abandonar sua residência. Imagens apontam danos: árvores derrubadas, fachadas e vias inundadas.
Filipinas, Taiwan e o sul da China enfrentam tufões com regularidade, mas cientistas e autoridades afirmam que a crise climática tem intensificado a imprevisibilidade e a potência dessas tempestades, ampliando riscos humanos e materiais. Equipes de resgate seguem avaliando os danos e coordenando operações de busca, socorro e reassentamento nas áreas mais afetadas.
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