Desde a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que deixou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030, uma pergunta assombra os bastidores do Partido Liberal (PL): quem será o substituto de Bolsonaro na corrida presidencial de 2026? O vasto capital político do ex-chefe do Executivo deixa o questionamento ainda mais intrigante — e aumenta o número de políticos dispostos a herdar o espólio do ex-presidente.
A coluna do jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles, revelou que uma ala do partido defende uma chapa encabeçada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), com o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do ex-presidente, como vice. A ideia é defendida pelos bolsonaristas mais radicais, que olham com desconfiança para uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio, além de próximo de Bolsonaro, é o favorito do Centrão e do empresariado. O governador de São Paulo reúne apoio majoritário do Congresso e da Faria Lima, fatores que colocam o chefe do Executivo paulista como o número 1 da fila para receber as bênçãos de Bolsonaro.
Entretanto, a ala bolsonarista contrária a dar apoio a Tarcísio entende que oito anos (contando com uma reeleição em 2030) do governador no Palácio do Planalto podem enterrar o bolsonarismo. A situação seria diferente com Caiado, que teria Eduardo como vice para manter vivo o fenômeno político do pai. Tanto Tarcísio quanto Caiado já prometeram perdoar Bolsonaro — réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Michelle no páreo
Outra ala importante no partido, capitaneada pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, vê com bons olhos a candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. No último final de semana, durante evento do PL Mulher em Guarulhos, interior de São Paulo, Valdemar afirmou que, além de Bolsonaro, Michelle é a única que derrotaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“E para a nossa surpresa, ela [Michelle], depois do Bolsonaro, é a única que bate o Lula no segundo turno em todas as pesquisas que fizemos”, disse o mandatário do PL. Na sequência, Valdemar deixou claro que a decisão sobre quem irá disputar a eleição presidencial do ano que vem será do ex-presidente. Afinal, “ele é que tem os votos”. Porém, o aceno de Costa Neto para a ex-primeira-dama não é novidade, já que o presidente nacional da sigla é um dos principais defensores da candidatura de Michelle ao Palácio do Planalto.
Postura maleável
A postura de Bolsonaro em relação à disputa pela Presidência da República se mostrou maleável recentemente. Antes, o ex-presidente era irredutível na ideia de um substituto e se posicionava como o único nome possível para disputar o Planalto como representante da direita brasileira. Porém, durante a última manifestação na Avenida Paulista, Bolsonaro acenou que seu foco será eleger a maioria no Congresso Nacional.
“Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente. O Valdemar me mantendo como presidente de honra do Partido Liberal, nós faremos isso por vocês”, disse o ex-chefe do Executivo na ocasião.
A mudança de rota de Bolsonaro, além de abrir espaço para que os presidenciáveis à direita disputem seu capital político, fragmentou o PL em diferentes alas. Com isso, resta saber qual das frentes do partido irá prevalecer em 2026, certamente passando pela vontade do ex-presidente. (Especial para O Hoje)
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