O setor de telecomunicações brasileiro vive uma fase de consolidação como um dos motores da economia digital. De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE, o segmento acumulou crescimento de 2,4% em 12 meses até julho de 2025. Em comparação a julho de 2024, a alta foi de 0,5%, enquanto na passagem de junho para julho o avanço foi de 0,7%. Esses números mostram que o setor mantém ritmo positivo e se tornou determinante para o crescimento do setor de serviços, que registrou alta geral de 2,9% no mesmo período. O desempenho tem sido impulsionado pela expansão da conectividade, pela digitalização de empresas e pela demanda crescente de consumidores por soluções mais rápidas e acessíveis.
Investimentos e infraestrutura em expansão
Os investimentos privados também reforçam essa tendência. Levantamento da Conexis Brasil Digital mostra que, entre janeiro e junho de 2025, as operadoras aplicaram R$ 16,5 bilhões, aumento de 4,8% frente ao mesmo período de 2024. Os aportes têm sido direcionados principalmente à expansão do 5G e da rede de fibra ótica. O país já conta com mais de 47 mil antenas de quinta geração, quase 25% a mais que no fim de 2024, e a tecnologia alcança hoje 1.068 municípios. No primeiro semestre, 256 novas cidades passaram a receber o sinal, permitindo que o número de acessos ao 5G chegasse a 48,9 milhões — cerca de 1,5 milhão de novos usuários por mês. A cobertura ainda é desigual, mas o movimento de interiorização já começou a ganhar força, com foco em cidades de médio porte e localidades estratégicas no interior do país.
Capital estrangeiro e estímulo público
O setor tem atraído também investidores internacionais. Segundo dados do Ministério das Comunicações, o Brasil recebeu US$ 3,32 bilhões em capital estrangeiro em telecomunicações, computação e informações no primeiro semestre de 2025, alta de 6,5% em relação ao mesmo período de 2024. Esse interesse reflete a solidez do mercado brasileiro, que possui grande base de consumidores e demanda crescente por tecnologia. Em paralelo, o governo federal vem fortalecendo políticas de inclusão digital, como a implementação de infovias, a interiorização da fibra óptica e o projeto Norte Conectado, que busca integrar a Amazônia por meio de cabos subfluviais. Também avançam propostas legislativas para modernizar a infraestrutura elétrica e de telecomunicações, substituindo redes aéreas por estruturas subterrâneas em áreas urbanas, inspiradas em experiências internacionais.
Capital estrangeiro chegou a US$ 3,32 bilhões
Contribuição para a economia
O impacto econômico do setor é cada vez mais expressivo. O PIB de informação e comunicação avançou 6,9% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, ficando atrás apenas da agropecuária. Frente ao quarto trimestre de 2024, a alta foi de 3%, confirmando a força da área como um dos motores do crescimento nacional. A conectividade tem se tornado insumo básico para cadeias produtivas inteiras: na indústria, a automação depende de redes de baixa latência; no comércio, o e-commerce se sustenta em conexões de alta velocidade; e na educação e saúde, a digitalização de serviços amplia o acesso e reduz custos. Além disso, setores como transporte e logística também se apoiam em soluções digitais para aumentar eficiência.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios. A cobertura do 5G ainda está concentrada em grandes centros, e os custos de implementação permanecem altos, sobretudo em áreas de difícil acesso. A regulação também exige adaptações constantes, seja na definição de regras para o espectro, na revisão de concessões ou nas discussões sobre compartilhamento de infraestrutura. Outro ponto é a transição de modelos de consumo: enquanto a banda larga fixa e a telefonia móvel seguem em expansão, serviços como TV por assinatura continuam em queda, pressionados pelas plataformas de streaming. Ainda assim, as perspectivas são positivas. A combinação de investimentos privados robustos, estímulo público e interesse de capital estrangeiro deve consolidar as telecomunicações como um pilar estratégico da economia brasileira nos próximos anos. Se o país conseguir reduzir a desigualdade digital e modernizar sua infraestrutura, o setor terá condições de ampliar sua participação no PIB e contribuir para um crescimento mais equilibrado e sustentável.
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