A Rússia lançou o maior ataque contra a rede de gás da Ucrânia desde o início da invasão, em 2022, nesta sexta-feira (3). O bombardeio ocorreu na noite de quinta-feira (2) e atingiu instalações de produção e transporte de energia em várias regiões do país.
“O inimigo realizou o maior ataque massivo à infraestrutura de produção de gás desde o início da guerra”, afirmou a Naftogaz em comunicado. O presidente da companhia, Sergei Koretsky, declarou que “uma parte considerável de nossas instalações foi danificada. Alguns dos danos são significativos”.
De acordo com a empresa, cerca de 35 mísseis e 60 drones foram disparados contra alvos energéticos no leste e centro da Ucrânia. A Força Aérea ucraniana informou que, ao todo, 381 drones de longo alcance e 35 mísseis foram lançados durante a noite. Até a manhã de sexta-feira, 303 drones e 17 mísseis haviam sido abatidos. Ainda assim, 78 drones e 18 mísseis atingiram 15 locais, enquanto destroços de projéteis impactaram outras seis áreas.
As regiões mais atingidas foram Kharkiv e Poltava, mas Sumy, Dnipropetrovsk, Odesa e Kiev também sofreram consequências. O Ministério da Energia relatou cortes de eletricidade em diversas localidades e confirmou que várias instalações de transporte de gás foram danificadas. “Equipes de resgate e especialistas em energia estão trabalhando no local para eliminar as consequências e estabilizar a situação o mais rápido possível”, afirmou a pasta.
Na região de Poltava, autoridades relataram um “ataque combinado massivo”, que danificou empresas industriais, residências e linhas de energia. Telhados foram destruídos e janelas estilhaçadas em comunidades vizinhas.
Em Kharkiv, um ataque com drones provocou incêndio em uma fazenda, destruindo oito galpões de criação de suínos, numa área de 13,6 mil metros quadrados. Segundo o Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia, cerca de 13 mil porcos morreram no episódio, e um funcionário ficou ferido.
Apesar da destruição, Kiev destacou que cortes de energia desse porte são menos comuns agora do que nos primeiros meses da invasão. No inverno de 2022, os bombardeios russos chegaram a causar apagões generalizados em todo o país, deixando milhões de civis sem eletricidade e calefação em temperaturas negativas.
Moscou declarou que o alvo principal da ofensiva não foi o setor civil, mas sim o “complexo militar-industrial da Ucrânia”, parte de sua estratégia para enfraquecer a capacidade de defesa ucraniana.
A Ucrânia também realizou ataques com drones de longo alcance contra refinarias de petróleo russas, numa tentativa de cortar as receitas do setor energético de Moscou, consideradas vitais para o financiamento da guerra.
O conflito segue escalando, enquanto aumenta a pressão diplomática sobre a Rússia. Nesta semana, o presidente Vladimir Putin acusou a Europa de dificultar um acordo de paz. Segundo ele, “os líderes europeus estão criando histeria, dizendo que a guerra com a Rússia está próxima”, mas insistiu que Moscou não tem interesse em confronto direto com a Otan.
Putin afirmou ainda que “todos os países da Otan estão lutando contra a Rússia na Ucrânia. Eles estão fornecendo inteligência, armas e treinamento. Esse é um desafio sério para a Rússia, mas o exército russo é o mais capaz”.
O presidente russo também alertou que acompanha de perto os avanços da militarização europeia e que Moscou reagirá a qualquer escalada. “Se alguém quiser competir na esfera militar, a Rússia provará mais uma vez que respondemos rapidamente. A Rússia não deve ser provocada. A fraqueza é inaceitável”, finalizou.