O prefeito da cidade de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi afastado do cargo nesta quinta-feira (6) por decisão judicial relacionada a investigações sobre possíveis irregularidades em contratos da área da saúde. A informação foi divulgada pelo próprio gestor em vídeo publicado nas redes sociais e confirmada pela assessoria do município. No comunicado, a prefeitura afirmou que irá se manifestar por meio de nota “nos próximos dias”.
No vídeo, gravado em Brasília, Manga relatou que recebeu a notificação enquanto estava na capital federal. Ele afirmou: “Acredite se quiser, me afastaram do cargo de prefeito. Eu aqui em Brasília, ontem eu fui em frente ao Palácio da Justiça, falei que tem que colocar o Exército na rua, rodei o Congresso, os deputados me receberam super bem, falando: ‘Manga, cuidado, está aparecendo muito, estão tentando aí’”.
Influência nas redes sociais
Rodrigo Manga, de 45 anos, ficou conhecido nacionalmente por sua atuação nas redes sociais, onde publica vídeos diários sobre ações da prefeitura e bastidores da rotina política. O prefeito adotou um estilo comunicativo voltado ao público digital, ganhando o apelido de “prefeito TikTok”. Ele soma 3,8 milhões de seguidores no Instagram e 3,3 milhões no TikTok, números que colocam seu perfil entre os de maior alcance entre gestores municipais no país. Antes de assumir a prefeitura, Manga foi vereador por Sorocaba e presidiu a Câmara Municipal.
Rodrigo Manga, prefeito de Sorocaba, conquistou as redes sociais com vídeos no TikTok
Operação investiga contratos emergenciais na Saúde de Sorocaba
A decisão judicial faz parte de uma nova fase da operação Copia e Cola, conduzida pela Polícia Federal (PF). Segundo nota da corporação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão em Sorocaba. As ordens foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. A PF também informou que houve o sequestro e a indisponibilidade de cerca de R$ 6,5 milhões em bens de investigados, além da determinação de medidas cautelares, como suspensão de função pública e proibição de contato entre determinados envolvidos.
A investigação apura suspeitas envolvendo a contratação emergencial e o termo de convênio para gestão de unidades de saúde por uma organização social sem fins lucrativos. Segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. Os detalhes da ação não foram divulgados por determinação judicial.
A operação Copia e Cola teve início em 10 de abril deste ano. Na primeira fase, agentes cumpriram mandados ligados ao mesmo núcleo de apurações sobre supostos desvios de recursos públicos na área da saúde. Rodrigo Manga também foi alvo das investigações na ocasião, conhecido nacionalmente por compartilhar vídeos curtos sobre ações da prefeitura em suas redes sociais, onde reúne milhões de seguidores.
Veja o pronunciamento de Rodrigo Manga:
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Vice-prefeito assume e prefeitura afirma continuidade dos serviços
Após o afastamento, a Prefeitura de Sorocaba comunicou que o vice-prefeito, Fernando Martins da Costa Neto, assumiu interinamente a administração municipal. Em nota enviada à imprensa, informou que ele permanecerá no cargo “até que os fatos sejam esclarecidos, garantindo a plena continuidade dos serviços públicos e o funcionamento regular da Administração Municipal”. Não foram divulgadas novas posições sobre o conteúdo da decisão judicial.
Além das investigações da PF, o prefeito já respondia a outros processos ao longo do ano. Em maio, ele se tornou réu em uma ação por improbidade administrativa que apura suspeita de superfaturamento na compra de lousas digitais fornecidas pela empresa Educateca. O valor citado na ação ultrapassa R$ 11 milhões, de acordo com documentos anexados pelo Ministério Público.
Manga também é investigado em outro caso que apura possível recebimento de propina em um esquema envolvendo o contrato com uma Organização Social de Saúde (OSS) responsável pela gestão de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade. As denúncias incluem suspeitas de desvio de recursos e irregularidades na execução do contrato.
No vídeo divulgado nesta quinta-feira (6), o prefeito afirmou que pretende analisar os documentos da decisão e divulgar mais informações. “Quero dizer para vocês que não vou desistir de Sorocaba, não vou desistir do Brasil. Vou verificar tudo que aconteceu e informar para vocês”, disse.
A Polícia Federal informou que as diligências desta fase da operação seguem em andamento e que os materiais apreendidos serão analisados e incorporados ao inquérito. Novas atualizações devem ser divulgadas conforme autorização judicial.
Sorocaba, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 723 mil habitantes. A gestão municipal segue sob comando interino enquanto os desdobramentos do caso avançam na Justiça.
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