De passatempo à grande atividade econômica, a pesca esportiva vem se consolidando como um dos segmentos de maior crescimento no turismo brasileiro. O setor movimenta bilhões de reais por ano, gera empregos e atrai cada vez mais adeptos, transformando rios, lagos e torneios em oportunidades de negócios. Em Goiás, a modalidade ganha destaque, unindo lazer, sustentabilidade e impacto direto na economia local.
Um mercado bilionário
No Brasil, a pesca esportiva movimenta aproximadamente R$ 17 bilhões por ano, gerando mais de 270 mil empregos diretos e indiretos. Esses números envolvem desde a venda de equipamentos até serviços como hospedagem, transporte, alimentação e passeios turísticos. Uma pesquisa nacional também aponta que quase 30 milhões de brasileiros têm interesse na prática, um público equivalente a quase um em cada dez habitantes do país.
Esse universo transformou a pesca em muito mais do que um hobby. Hoje, é um mercado que atrai investimentos, promove eventos de grande porte e ajuda a desenvolver regiões ribeirinhas, fortalecendo a cadeia produtiva do turismo sustentável.
Goiás na rota da pesca esportiva
Em Goiás, o avanço da atividade é evidente. Torneios de grande porte, como o Circuito Goiano de Pesca Esportiva, o Gigantes do Araguaia e o Tucuna Queen, têm atraído milhares de participantes de diferentes regiões do país. Somente em 2024, esses eventos reuniram cerca de 5 mil turistas e movimentaram mais de R$ 7 milhões, além de distribuírem R$ 1,4 milhão em premiações.
Os impactos vão além da economia: aproximadamente 13,5 toneladas de alimentos foram arrecadadas e doadas a comunidades carentes durante os torneios. Em apenas três anos, o conjunto de competições no estado já movimentou mais de R$ 16 milhões, com crescimento de 117% registrado em 2024 em comparação a edições anteriores.
Para apoiar o setor, o governo estadual tem investido recursos na promoção desses eventos. Em 2025, cerca de R$ 2 milhões foram destinados para fortalecer a modalidade, ampliar a participação de competidores e aumentar a visibilidade do turismo de pesca esportiva goiano em nível nacional.
Negócios e sustentabilidade lado a lado
O sucesso do setor está ligado à forma como associa lazer a práticas sustentáveis. A maioria dos torneios em Goiás adota a modalidade “pesque e solte”, evitando a exploração predatória dos recursos naturais. Além disso, os eventos são acompanhados de ações educativas, como palestras sobre preservação ambiental e atividades de conscientização junto às comunidades locais.
Para os municípios ribeirinhos, a pesca esportiva representa uma oportunidade de geração de renda e desenvolvimento. Restaurantes, pousadas, mercados e prestadores de serviço são diretamente beneficiados pelo fluxo de turistas. “O turismo de pesca esportiva é um grande pilar para o desenvolvimento sustentável, porque movimenta a economia municipal de forma completa: pousadas, restaurantes, supermercados, guias de pesca. Toda a cadeia ganha com essa atividade, e de maneira responsável”, afirma Carlos Leite, organizador do Circuito Gigantes do Araguaia.
Potencial em expansão
Os números mostram que Goiás tem potencial para se consolidar entre os principais destinos de pesca esportiva do Brasil, ao lado da Amazônia e do Pantanal. De acordo com estimativas de organizadores e autoridades do setor, a expectativa é de um crescimento de 15% no número de participantes e 20% na movimentação econômica em 2025, em relação ao ano anterior.
O presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, reforça essa visão: “Nosso objetivo é colocar Goiás no mapa da pesca esportiva nacional. Temos rios de grande potencial, eventos já consolidados e comunidades preparadas para receber turistas. Com investimento e organização, podemos transformar o estado em referência.”
Desafios para o futuro
Apesar do crescimento expressivo, o setor enfrenta desafios. Especialistas apontam a necessidade de ampliar a infraestrutura turística, investir em capacitação profissional — especialmente guias de pesca — e fortalecer a regulamentação ambiental. O equilíbrio entre crescimento econômico e preservação dos rios será determinante para a continuidade do avanço da modalidade.
Também estão em debate medidas de longo prazo, como a criação de novas rotas turísticas, incentivos fiscais para equipamentos, parcerias com instituições de ensino e a divulgação de destinos menos conhecidos, evitando a sobrecarga de áreas já exploradas.
Mais que lazer, um negócio estratégico
A pesca esportiva deixou de ser vista apenas como entretenimento e passou a ser encarada como oportunidade de desenvolvimento regional. Com potencial bilionário e projeções de crescimento contínuo, o setor já se mostra essencial para a economia de várias cidades brasileiras.
Em Goiás, onde rios e lagos se tornam palcos de grandes eventos, a atividade não só garante renda e empregos, como também fortalece a consciência ambiental e integra comunidades locais ao turismo sustentável. Se os números continuarem avançando no ritmo atual, o estado terá não apenas pescadores em busca de troféus, mas também um modelo de negócio sólido, capaz de unir economia, natureza e inclusão social.
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