A megaoperação policial realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, deixou mais de 130 mortos e provocou forte reação internacional. A ação, classificada internacionalmente como a mais letal da história do estado, foi repercutida por jornais de diversos países e levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a demonstrar preocupação com o número de mortos e a cobrar investigações imediatas das autoridades brasileiras.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou “grave preocupação” com as 119 mortes registradas na megaoperação policial no Rio de Janeiro. Segundo o porta-voz Stéphane Dujarric, na quarta-feira (29), Guterres ressaltou que o “uso da força em operações policiais precisa aderir à lei internacional de direitos humanos” e pediu que as autoridades brasileiras investiguem o caso “imediatamente”.
Ainda na quarta, o alto comissário Volker Türk afirmou “compreender” os desafios do enfrentamento ao crime, mas alertou que a repetição de ações com alto número de mortes “levanta questões sobre a forma como essas operações são conduzidas”. Ele defendeu “reformas urgentes” nas forças policiais e uma “estratégia nacional de policiamento baseada nos direitos humanos”, cobrando investigações rápidas e apoio às comunidades afetadas. Consulados e embaixadas também emitiram alertas de segurança no Rio.
Imprensa internacional sobre operação
A repercussão na imprensa internacional foi imediata. Jornais de toda a América, Europa e Ásia descreveram as cenas como “de guerra” e destacaram o número recorde de mortos. Na Argentina, o La Nación relatou uma “jornada de violência extrema”, enquanto o Clarín estampou o site com “não é Gaza, é o Rio”, e classificou a operação como a mais sangrenta já realizada no Rio, afetando cerca de 200 mil moradores.
Na Europa, o El País, da Espanha, definiu o Rio como uma “cidade simultaneamente muito desigual e acostumada com a violência”, ressaltando que os tiroteios foram “extraordinários até para os locais”. O veículo acrescentou que o governador Cláudio Castro “abraçou a tese de que os narcotraficantes são terroristas”, alinhando-se ao discurso do presidente norte-americano Donald Trump e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O New York Times também foi nesta linha de raciocínio, chamou a operação de “a mais mortal da história do Rio” e publicou que a declaração de Cláudio Castro foi vista como uma tentativa de “marcar pontos políticos” junto à direita. O jornal mencionou ainda que dias antes Flávio Bolsonaro, que disse estar “ciumento” das operações militares dos Estados Unidos no Caribe e sugeriu que autoridades norte-americanas pudessem ajudar o Brasil a combater “organizações terroristas”.
Foto: Tomaz Silva/ ABr
O francês Le Figaro observou que grandes operações policiais continuam “contestadas em sua eficácia”, mas seguem sendo comuns.
No Reino Unido, o The Guardian noticiou “o dia mais violento do Rio de Janeiro”, descrevendo a operação como a mais mortal da história do Brasil e relatando “fotos terríveis” que circularam nas redes sociais. O jornal norueguês Aftenposten classificou a ação como “brutal”, enquanto o colombiano El Espectador chamou o Rio de “cidade refém da violência”.
A cobertura também chegou à África e à Ásia. O sul-africano Nova News descreveu “violência sem precedentes”, com tiros próximos ao aeroporto internacional e fumaça se espalhando pela cidade. O jornal malaio Malaymail relatou que cerca de 2.500 agentes participaram da operação e mencionou “corpos empilhados nas ruas” e “colunas de fumaça no horizonte”.










