O palco montado pela XP Investimentos para discutir economia acabou por se tornar uma vitrine de pré-candidatura presidencial e articulação da direita. Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), participaram, na última sexta-feira (26), do evento promovido pela corretora e os discursos focaram em fazer duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — principalmente em relação à postura adotada diante do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O pano de fundo foi a recente decisão do governo norte-americano de taxar produtos brasileiros em 50%. A medida, que terá início em agosto, foi prontamente incorporada ao discurso nacionalista de Lula, como símbolo da defesa da soberania nacional e críticas ao grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por outro lado, os três governadores aproveitaram o momento para rebater o petista, ao acusá-lo de usar o episódio com fins eleitorais. No entanto, os próprios discursos de Caiado, Tarcísio e Ratinho carregaram elementos de pré-campanha, com tom inflamado, promessas para 2026 e articulações em torno da união da direita.
Entre os três, Caiado foi o mais direto. Ao ser questionado sobre medidas impopulares que precisam ser tomadas caso seja eleito, o chefe do Executivo goiano não titubeou: “Minha primeira medida será extremamente popular, que vai ser derrotar o Lula”. O governador goiano disse que se trata de um “momento de inquietação em todo o País” e o que se espera do Executivo é “lucidez, habilidade, capacidade de diálogo e soluções reais”.
“Não se pode usar uma situação delicada como essa para montar palanque eleitoral”, afirmou. “Todos nós sabemos tratar isso com maturidade, buscando diálogo, solução. O Brasil é dos brasileiros. E nós, como governadores, precisamos ser ouvidos”, pontuou Caiado.
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Abordagem mais técnica
Tarcísio, por sua vez, adotou uma abordagem mais técnica, mas nem por isso menos crítica. O governador tratou do impacto da taxação norte-americana sobre a economia paulista, ao afirmar que cerca de 120 mil empregos podem ser afetados. “A pior agressão à soberania é a divisão interna. A gente nunca vai fortalecer o assalariado prejudicando o empregador”, disse Tarcísio. O chefe do Executivo paulista garantiu que sua gestão busca parlamentares, contrapartes americanas, empresas dos EUA e agentes do governo que possam “se sensibilizar”. “Estamos fazendo isso de forma profissional e silenciosa”, destacou.
Ratinho Jr. caminhou na mesma direção. O governador do Paraná afirmou que a gestão petista “muitas vezes se vitimiza demais” e “não sabe onde quer chegar”. “Hoje temos um governo que demonstra que não sabe onde quer chegar, é um governo que, sobre uma questão tão importante, que é o tarifaço do Trump, muitas vezes o Brasil se vitimiza demais. O Trump fez isso com a China, com a Índia, com o Canadá, com o México”, ressaltou.
União da direita
Os governadores também acenaram para uma frente ampla da direita em 2026 para derrotar Lula. “Se engana quem pensa que vai haver um grande racha na direita. Não vai. Essa turma vai estar unida e essa turma vai, lá na frente, promover as mudanças que o Brasil merece”, disse Tarcísio.
Já Caiado rebateu a ideia de fragmentação no campo direitista e disse que a variedade de candidatos na direita fortalece a democracia. “O mais importante é que é um processo que provavelmente será de dois turnos. Então, aquele que tiver a oportunidade de chegar ao segundo turno, eu não tenho dúvida de que vai ter a competência de juntar todo esse time aqui para apresentar um novo projeto para o Brasil”, afirmou o governador goiano.
Além disso, Caiado garantiu que a “única liderança” política que conseguiu “mobilizar e levar a população a participar dos movimentos populares” foi Jair Bolsonaro (PL), em um aceno claro ao ex-presidente e seu eleitorado. (Especial para O Hoje)
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