O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi alvo de vaias ao subir ao púlpito da Assembleia Geral das Nações Unidas nesta sexta-feira (26), em Nova York. Antes mesmo do início de sua fala, delegados de vários países deixaram o plenário em protesto, entre eles a representação do Brasil.
Netanyahu utilizou seu discurso para reafirmar que Israel manterá a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza e para enviar uma mensagem aos reféns ainda em poder do grupo. “Não nos esquecemos de vocês, nem por um segundo”, declarou em hebraico, repetindo a frase em inglês. Ele afirmou que a mensagem foi transmitida por alto-falantes posicionados em torno de Gaza e enviada também a celulares no território. “Nossos bravos heróis, este é o primeiro-ministro Netanyahu, falando com você, ao vivo das Nações Unidas. Não nos esquecemos de vós, nem por um segundo. O povo de Israel está convosco. Não falharemos e não descansaremos até trazer todos vocês para casa.”
O líder israelense retomou em diversos momentos os acontecimentos de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas atacaram comunidades no sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e levando dezenas como reféns, segundo números oficiais. “Grande parte do mundo não se lembra mais de 7 de outubro. Mas nós nos lembramos”, afirmou. De acordo com Israel, 48 pessoas permanecem detidas em Gaza. Netanyahu comparou o ataque ao atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. “Dar aos palestinos um Estado a uma milha de Jerusalém, após 7 de outubro, é como dar à Al-Qaeda um Estado a uma milha de Nova York após 11 de setembro.”
As declarações ocorreram em meio ao avanço de iniciativas diplomáticas de países aliados dos Estados Unidos que reconheceram o Estado palestino, entre eles França, Reino Unido, Austrália e Canadá. Netanyahu reagiu com críticas duras: “Vocês sabem qual mensagem os líderes que reconheceram o Estado Palestino esta semana enviaram aos palestinos? É uma mensagem muito clara: assassinar judeus compensa.” Em outro trecho, afirmou: “A rejeição palestina persistente ao Estado judeu é o que tem conduzido este conflito há mais de um século.”
O premiê argumentou que uma vitória sobre o Hamas abriria caminho para acordos de paz com países árabes e muçulmanos. Ao mesmo tempo, condenou líderes internacionais que, segundo ele, estariam cedendo a pressões externas. Netanyahu disse que críticas à ofensiva israelense se baseiam em “mídias tendenciosas, grupos islâmicos radicais e máfias antissemitas” e acusou chefes de Estado de se curvarem diante do que chamou de pressões políticas e legais contra Israel. “Há um ditado familiar, ‘quando as coisas ficam difíceis, os fortes entram em ação’. Bem, para muitos países aqui, quando as coisas ficaram difíceis, vocês se curvam. E aqui está o resultado vergonhoso desse colapso.”
O governo israelense insiste que a resposta militar foi necessária diante da gravidade do ataque do Hamas. Autoridades de saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo grupo, afirmam que mais de 65 mil pessoas já morreram em consequência da ofensiva, além da devastação generalizada do território. Netanyahu, no entanto, reiterou que Israel continuará suas operações até a libertação dos reféns e a derrota total do Hamas.
Encerrando sua participação, enviou uma mensagem direta aos militantes palestinos. “Deponham suas armas. Deixem meu povo ir. Liberte os reféns, todos eles, todos os 48 – libere os reféns. Agora, se você fizer isso, você viverá. Se não o fizeres, Israel vai caçá-lo.”
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