O Dia dos Namorados, uma das datas mais relevantes para o varejo brasileiro, será marcado em 2025 por uma nova tendência de consumo: a preferência por produtos de moda íntima como presente principal. Estimativas de mercado apontam que essa categoria deverá gerar uma receita de R$ 1,5 bilhão neste mês, com crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Em volume, as projeções indicam a comercialização de 62,3 milhões de peças, uma alta de 4% na comparação anual.
Além da busca por presentes afetivos e com apelo emocional, a moda íntima tem ganhado espaço por refletir valores associados ao conforto, bem-estar e autocuidado — elementos que se fortaleceram nas decisões de consumo ao longo dos últimos anos.
Foco no autocuidado e na experiência pessoal
Esse crescimento é explicado, em parte, pela valorização de atributos como qualidade e design nas peças voltadas ao uso pessoal. Kits presenteáveis, conjuntos temáticos e opções com maior valor agregado vêm ganhando destaque. Segundo dados consolidados, só em 2024 o consumo aparente de roupas íntimas e de dormir no Brasil cresceu 10,6% em volume e 9,1% em valor.
Embora não se trate de uma novidade, a ascensão da moda íntima como presente relevante para a data evidencia transformações mais amplas no comportamento dos consumidores. A decisão de compra passou a considerar conforto e estilo, especialmente no segmento de presentes entre casais.
Moda íntima se consolida como presente preferido para a data
Varejo aposta em alta de vendas para a data
No conjunto do varejo, as vendas para o Dia dos Namorados devem movimentar R$ 2,75 bilhões em 2025, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O valor representa um crescimento de 3,2% em relação ao ano anterior. Outros levantamentos apontam expectativas ainda mais otimistas: uma segunda projeção estima um faturamento de R$ 2,59 bilhões, o que corresponderia a alta de 5,6% frente a 2024.
O desempenho é sustentado pela melhora no mercado de trabalho e pelo aumento da renda da população. A taxa de desocupação caiu para 7% no primeiro trimestre, o menor nível já registrado no país, enquanto o poder de compra subiu 4% e a renda total da população ocupada avançou 6,9% em relação ao ano anterior.
Vestuário ainda lidera, mas moda íntima se destaca
O segmento de vestuário, calçados e acessórios continua respondendo pela maior parte das vendas da data, com expectativa de movimentar R$ 1,077 bilhão, ou 40% do total. Entretanto, a moda íntima, inserida neste grupo mais amplo, ganha protagonismo ao registrar crescimento acima da média.
Além disso, o tíquete médio do consumidor para a data subiu para R$ 236,90, de acordo com outro estudo do setor, o que representa um aumento de 50,6% sobre o valor observado em 2023. A maior disposição para gastar em experiências e produtos com apelo pessoal explica parte da expansão.
Comércio eletrônico amplia alcance das vendas
Outro fator que contribui para o crescimento da moda íntima e de outros segmentos é o fortalecimento dos canais digitais. 68% dos consumidores afirmaram que pretendem realizar as compras do Dia dos Namorados em plataformas online. A preferência por praticidade, personalização e entrega rápida amplia o alcance das marcas e facilita o acesso a produtos diferenciados.
No entanto, o avanço das vendas online também chama atenção para os riscos. Um estudo recente aponta que mais de 50 mil transações fraudulentas devem ocorrer entre os dias 1º e 12 de junho. O volume pode gerar prejuízo superior a R$ 51 milhões, com tíquete médio de R$ 1.021 por tentativa de golpe, sobretudo em itens com valor emocional ou alto custo.
Flores e chocolates enfrentam inflação; kits ganham espaço
Apesar de ainda figurarem entre os preferidos, alguns produtos tradicionais de presente registraram forte aumento de preços. As joias e bijuterias subiram 24,1%, enquanto os chocolates ficaram 22% mais caros. A hospedagem, por sua vez, encareceu 11,3%. Em contrapartida, flores naturais (-0,6%), bebidas alcoólicas (-0,3%) e aparelhos telefônicos (-0,4%) apresentaram deflação.
Nesse cenário, a moda íntima se beneficia não apenas da estabilidade de preços em comparação a outras categorias, mas também da conveniência. Kits prontos com sugestões de presentes ou cardápios têm atraído o interesse de 35,7% dos consumidores, segundo pesquisa realizada no Rio de Janeiro.
A mesma pesquisa indica que 33,4% das pessoas pretendem gastar entre R$ 51 e R$ 100, enquanto outros 24,9% planejam gastar até R$ 150. Isso reforça a relevância de produtos com boa relação entre custo e valor percebido, caso da moda íntima em 2025.