O setor lácteo goiano registrou queda nos preços pagos pela indústria de laticínios no mês de maio. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (2) pela Câmara Técnica e de Conciliação da Cadeia Láctea, o índice da cesta de derivados apresentou recuo médio de 2,41% no período. A informação consta no boletim mensal elaborado com base em dados do Instituto Mauro Borges (IMB), responsável pelo levantamento.
A cesta de derivados é composta por cinco produtos: creme de leite, leite condensado, leite em pó, leite UHT e queijo muçarela. Segundo a Câmara Técnica, os preços são ponderados conforme o peso de cada item na composição da produção industrial do setor. “O índice representa a média ponderada dos preços recebidos pela indústria para os derivados monitorados”, explicou o órgão.
O produto que mais puxou o recuo foi o creme de leite, que registrou queda de 7,19% em maio. Também apresentaram baixas expressivas o queijo muçarela, com variação negativa de 3,22%, e o leite UHT, que teve redução de 2,13%. O leite condensado sofreu queda de 2,0%, enquanto o leite em pó recuou 0,36%.
O levantamento reforça que o comportamento de queda nos preços não é isolado de um produto específico, mas reflete uma tendência generalizada na cadeia de derivados. A redução dos preços industriais impacta diretamente toda a cadeia produtiva, desde os produtores até o consumidor final, com potencial de gerar preços mais acessíveis no varejo.
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Seca em Goiás agrava cenário no campo
O movimento de queda nos derivados ocorre, inclusive, em um cenário de agravamento das condições climáticas em Goiás. Segundo dados do Monitor de Secas, divulgados no último dia 26 de maio, o Estado tem 96% de seu território sob influência da seca, sendo classificado como o quinto mais afetado do Brasil. O levantamento aponta que todas as regiões goianas sofrem impactos da estiagem, especialmente nas atividades agropecuárias.
O relatório destaca que, além de ser uma das unidades da Federação com maior extensão territorial afetada, Goiás apresenta seca com impactos de curto e longo prazo, ou seja, atinge tanto a vegetação e a pecuária quanto os recursos hídricos e atividades econômicas dependentes da água.
A seca tem sido um desafio para a agropecuária goiana, afetando o desenvolvimento de pastagens, elevando custos com suplementação alimentar dos animais e pressionando a produtividade no campo. Apesar desse contexto adverso, a cadeia de laticínios surpreendeu ao registrar redução nos preços pagos pela indústria no último mês.
O boletim da Câmara Técnica não detalha os fatores específicos que levaram à redução dos preços dos derivados, mas o movimento pode estar relacionado a fatores como o equilíbrio entre oferta e demanda, dinâmica do mercado nacional, além de aspectos sazonais da produção e consumo.
Desempenho dos produtos da cesta
Em relação ao desempenho individual dos produtos, o creme de leite se destacou com a maior queda percentual, puxando para baixo o índice geral da cesta. O queijo muçarela, que tem grande representatividade na produção industrial, também influenciou significativamente o resultado, assim como o leite UHT, produto de ampla penetração no mercado consumidor.
O leite condensado e o leite em pó, embora tenham apresentado quedas mais modestas em relação aos demais, também contribuíram para o recuo do índice. A soma dessas variações resultou na redução média de 2,41% observada no mês de maio.
A Câmara Técnica de Conciliação da Cadeia Láctea é composta por representantes do governo, produtores rurais e indústria, e tem como função analisar o desempenho econômico do setor, buscando o equilíbrio das relações comerciais e a transparência nas negociações.
O boletim mensal é elaborado com base nos dados do IMB, vinculado à Secretaria-Geral de Governo (SGG), que monitora o comportamento econômico do setor lácteo goiano. A metodologia considera os preços médios pagos pela indústria aos produtores e o desempenho dos principais derivados lácteos produzidos no Estado.
O contexto de estiagem em Goiás segue sendo motivo de preocupação. De acordo com o Monitor de Secas, as regiões mais afetadas são Norte, Nordeste, Oeste e Centro do Estado, onde os impactos são mais severos tanto para a produção agrícola quanto para as atividades de pecuária. A falta de chuvas tem reduzido a disponibilidade de água para irrigação, dessedentação animal e manutenção das pastagens.
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Estiagem severa segue afetando o Estado
A seca, segundo o relatório, tem impactos de curto prazo sobre a vegetação e a pecuária e de longo prazo sobre os recursos hídricos, além de gerar prejuízos econômicos às atividades que dependem diretamente da disponibilidade de água. Mesmo assim, a cadeia de laticínios registrou, de forma contraintuitiva, queda nos preços dos derivados, contrariando a expectativa de pressão inflacionária típica em períodos de seca.
O comportamento dos preços no mercado lácteo goiano em maio reforça que, embora a estiagem cause impactos significativos na produção primária, outros fatores econômicos e mercadológicos podem se sobrepor, equilibrar ou até reduzir os custos dos produtos processados.
A Câmara informou que continuará monitorando os dados nas próximas semanas para avaliar se o movimento de queda nos preços será uma tendência mantida ou se sofrerá alterações a depender do comportamento da seca, da oferta de matéria-prima e das condições de mercado.
Os próximos boletins devem trazer um panorama mais claro sobre o comportamento do setor nos meses seguintes, especialmente se a estiagem persistir e pressionar ainda mais a cadeia produtiva. Até o momento, o que se observa é que, apesar das dificuldades no campo, os consumidores podem encontrar preços mais baixos nos derivados de leite em Goiás neste início de junho.