Partidos como o MDB e UB fazem movimentações estratégicas no ano que antecede as eleições. Algo considerado normal na política são as mudanças de posicionamento à favor de uma gestão ou de um pré-candidato que detenha o poder. É o que ocorre em Goiás no ano em que precede as eleições estaduais, a considerar a quantidade de prefeitos filiados em partidos da oposição e que, agora, fazem parte de siglas que orbitam a base do governo.
Nas últimas eleições municipais, a oposição venceu em 36 municípios e o Partido Liberal (PL) alcançou vitória em 26 cidades, mas 14 gestores filiados já tornaram público o alinhamento com o governo estadual ao ingressarem no União Brasil, partido do governador de Goiás Ronaldo Caiado, e no MDB, do vice-governador Daniel Vilela, um dos nomes mais conceituados para disputar o Palácio das Esmeraldas em 2026.
Os prefeitos que foram eleitos pelo PL e que, atualmente, exercem o mandato em outra legenda são: Simone Ribeiro, de Formosa (UB); Dr. Luis Otávio, de Cristalina (UB); Jeronymo Siqueira, de São Miguel do Araguaia (MDB); Daniel Júnior, de Bom Jesus de Goiás (UB); Dr. Conin, de Indiara (UB); Jacó Rotta, de Cabeceiras (UB); Dr. Victor, de Santa Fé de Goiás (UB); Tiago Japiassu, de Pilar de Goiás (UB); Rodrigo Fonseca, de Ouro Verde (MDB); Wivviane Duarte, de Gameleira (UB) e Zé Wilson, de Moiporá (MDB).
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A reportagem de O HOJE ouviu estudiosos em política para compreender qual é o limite das movimentações em torno da base do governo estadual para delimitar até onde é considerado algo normal o alinhamento com o Palácio das Esmeraldas e em qual momento isso pode significar uma pressão exercida sobre os prefeitos, sobretudo, de pequenas cidades.
“É normal que o governador tenha uma maioria de prefeitos na sua base. Foi assim quando o Iris [Rezende] era governador, onde a maioria dos prefeitos era do MDB. O mesmo aconteceu com Marconi Perillo, do PSDB, que detinha uma base muito ampla de prefeitos do seu partido durante seu mandato à frente do governo do Estado. Já Ronaldo Caiado, quando se tornou governador, viu o aumento e ampliação de sua base, tanto por questão eleitoral, quanto por vontade dos prefeitos de aderirem e terem seu apoio”, explica o cientista político Lehninger Mota.
PL de Wilder, PSDB de Marconi e MDB de Vilela, partidos mais cotados para o Governo do Estado, fazem movimentações estratégicas no ano que antecede as eleições – (Fotos: Reprodução Facebook)
MDB e UB, siglas de poder
Para o mestre em história e especialista em políticas públicas Tiago Zancopé, é normal que partidos que compõem a base do governo recebam mais adeptos à sigla que está no poder. “Essa busca por prefeitos que acabam sendo eleitos por outra sigla e não pela que está no poder é natural e isso não é inédito no Estado de Goiás. O que é anormal ou atípico é se essa aproximação estivesse acontecendo na base da ameaça e de uma forma não republicana”, destaca Zancopé.
Ao pontuar o que não é considerável positivo nesse processo de aglutinação de forças, Lehninger Mota comenta sobre a migração de prefeitos que antes eram da oposição e, agora, pertencem ao UB ou MDB. “Por exemplo, um candidato de um partido como o PL, não é natural que ele queira mudar de organização, não é normal que ele queira transferência para outra sigla se o mesmo acabou de ser eleito por um partido que ele escolheu estar quando se candidatou.”
O sociólogo Jones Matos fala sobre a possibilidade de haver prefeitos que optam por permanecer em seus partidos por estarem comprometidos com causas ideológicas. “Às vezes, um determinado prefeito de oposição consegue capitalizar muito mais e prefere não aderir ao Governo do Estado. Até porque hoje, com as emendas dos deputados federais e estaduais, as emendas impositivas, os prefeitos possuem mais capacidade de se posicionar”, observa. (Especial para O HOJE)









