A relação amistosa entre os vereadores da base e o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), vivida no começo da gestão, ao que tudo indica, já não é a mesma. Não se trata de uma ruptura integral, mas as discordâncias entre os parlamentares e o chefe do Executivo municipal são evidentes.
No centro das divergências entre os parlamentares e o prefeito da Capital está a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que visa investigar o contrato do consórcio Limpa Gyn, responsável pela coleta de lixo na cidade, com a Prefeitura de Goiânia. A CEI é assinada por 16 parlamentares, dos quais 12 são vereadores da base. A postura não agradou o Paço.
Desde o início do recesso parlamentar, articuladores da gestão goianiense têm pressionado os vereadores em busca de enfraquecer a CEI. No entanto, a pressão tem surtido pouco efeito. Com o recesso estendido em mais uma semana, o prefeito aproveitou para se reunir com os vereadores presencialmente no Paço Municipal na última terça-feira (5).
O almoço foi a última cartada do prefeito para tentar barrar a CEI antes do retorno das atividades parlamentares. O entendimento do Paço é que a CEI fortalece a oposição e que a cidade tem outras prioridades. Dessa forma, o momento atual não seria ideal para instalação de uma comissão especial. Porém, a tentativa de barrar não obteve sucesso, já que todos os 16 vereadores mantiveram suas assinaturas no requerimento da CEI.
Como já mostrado pelo O HOJE, a CEI da Limpa Gyn é o principal pivô do impasse entre Mabel e a base. O desentendimento entre as partes acendeu rumores sobre uma possível troca do líder do prefeito na Câmara, função ocupada pelo vereador Igor Franco (MDB), que também é um dos assinantes da CEI. A leitura é que o prefeito quer uma articulação maior do emedebista no entrave com os parlamentares. E que isso pode resultar na troca de liderança do prefeito na Casa.
Impasse e projetos à vista
Vale ressaltar que a relação tumultuada entre Mabel e os vereadores pode ser testada logo no retorno das atividades no parlamento — as sessões ordinárias voltam na próxima terça-feira (6). O Paço deve enviar novamente à Câmara quatro projetos que, na última semana antes do início do recesso parlamentar, retornaram ao Executivo em razão de reparos técnicos. As matérias não contavam com parecer da Procuradoria-Geral do Município (PGM).
Os projetos alteram a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPP) e o Código Tributário; a autorização para fazer modificações nas regras do empréstimo de R$ 710 milhões, da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade); e a revisão geral da remuneração dos servidores públicos municipais. As matérias são consideradas importantes para o Paço.
Os projetos do prefeito, quando retornarem à Casa, irão tramitar na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) — na qual 9 dos 14 integrantes são signatários do requerimento de abertura da CEI da Limpa Gyn, o que inclui o presidente Luan Alves (MDB). Resta saber se o impasse entre a base e o prefeito irá afetar as futuras votações de projetos do Executivo. (Especial para O HOJE)
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