O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), apresentou à Câmara Municipal, nesta quinta-feira (29), as contas dos primeiros quatro meses de sua gestão. De acordo com informações do Paço, o desempenho fiscal do município, durante esse período, foi marcado por um superávit orçamentário de R$ 705 milhões. No decorrer do ato público, o gestor foi interrompido diversas vezes por manifestantes. As situações o incomodaram. Os vereadores da oposição contestaram o pedido de calamidade do prefeito ante aos gastos com shows, aditivo em contrato e a arrecadação recorde.
Ao Jornal O HOJE, o vereador Fabrício Rosa (PT) disse que a prestação de contas de Mabel deixa bem demarcadas as características principais da própria gestão. “Se a gestão do Mabel acabasse hoje, com 150 dias de governo, as características que ficariam na cidade seriam a demonização do serviço público, insensibilidade com as mães, criminalização da pobreza, confusão do público com o privado e má gestão”, afirmou. “A má gestão se dá no sentido de que ele não consegue dialogar com os servidores e com a população acerca do que ele pretende fazer”, completou.
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O documento, elaborado pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), revela que a receita total arrecadada no período foi de R$ 2,23 bilhões, um crescimento nominal de 14,25% em relação ao mesmo período de 2024. Descontada a inflação de 5,53%, o aumento real foi de 8,27%. Outro destaque foi o crescimento de 15,90% nas transferências do Sistema Único de Saúde (SUS), que passaram de R$ 261,7 milhões em 2024 para R$ 303,3 milhões neste ano.
Oposição
Lucas Vergílio (MDB) contestou o superávit e sustentou que esse resultado foi inflado, uma vez que os serviços essenciais não estão sendo prestados. Aava Santiago (PSDB) argumentou, por outro lado, que o pedido de calamidade entra em desacordo com shows da Pecuária, ao que o prefeito respondeu que ele fora muito pobre, quando criança, e que sabia a dor de não poder ir em um evento dessa natureza. Ao falar sobre a negativa do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO), Mabel afirmou que o tribunal não levou em consideração as dívidas avulsas, que estão fora da contabilidade oficial. “Eu só sei que todos os dias fornecedores estão vindo cobrar a prefeitura”, disse.
Ao HOJE, Fabrício explica que é também falta de senso porque o prefeito alega que vivemos uma calamidade pública quando faz gastos que podem ter chegado a R$ 11 milhões na Pecuária, acabou de pagar R$ 81 mil para uma professora dar uma palestra da educação, fez um aditivo de R$ 8,9 milhões no contrato com a Limpa Gyn enquanto a concessionária presta um serviço ruim.
Calamidade
“Me parece que o prefeito vem instrumentalizando a calamidade pública, porque nós não vivemos verdadeiramente uma situação de calamidade, para se apresentar para a população como herói ao final da suposta calamidade. Mas principalmente para reduzir os controles, as fiscalizações do TCM, do Ministério Público, não cumprir a necessidade de licitar, dentro do que manda a Lei de Licitações. Mesmo porque, se estamos sob um decreto de calamidade nas finanças, essas obrigações de se fazer licitações são reduzidas, as contratações são feitas de maneira diferente. Me parece que Mabel quer gerenciar da forma mais autoritária possível, utilizando-se do argumento da calamidade”, afirmou.
E continuou: “A própria base do prefeito tem dito isso. Tenho conversado com vereadores que estão muito insatisfeitos com a forma com que Mabel dialoga. Falta um pouco mais de respeito, de horizontalidade, de abertura para o diálogo. E ele demonstrou isso hoje. O prefeito não esperou que eu fizesse perguntas e que os outros vereadores perguntassem. Essa prestação de contas acontece só uma vez a cada quatro meses, então me parece que ele não pode chegar lá já falando que vai ficar só meia hora, que vai sair, que tem que sair. É uma forma de não se abrir para o diálogo e não ouvir as pessoas que pensam diferente do prefeito.”