Enquanto o relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) aponta risco de colapso e contaminação no Aterro Sanitário de Goiânia, o prefeito Sandro Mabel segue defendendo o funcionamento do local. “Levei uma mesinha, um sanduíche, e nós comemos lá em cima do aterro. Então, ele não tem cheiro, ele está bem coberto, não tem mosca”, declarou.
Em fiscalização realizada entre fevereiro e abril de 2025, a Semad identificou mais de 30 falhas operacionais, estruturais e ambientais. Segundo o órgão, o aterro opera sem licença válida desde 2011, em área urbana e dentro da Zona de Segurança Aeroportuária (ZSA), o que contraria normativas federais. Além disso, foram encontrados vazamentos de chorume, calhas expostas, drenos de gás danificados e ausência de cobertura regular dos resíduos.
Mabel contesta: “Aterro sanitário de Goiânia. Eu estive lá pessoalmente. Vou estar lá cada 15 dias. Eu fui lá. Levei uma mesinha lá em cima do aterro. Lá não tem odor. Lá não tem lixo descoberto. Lá ele nem teria.” Segundo ele, o recobrimento segue a técnica padrão. “Você vai criando a altura de 5 metros e vem recobrindo quando ele vai chegando nos 5 metros. O resto do aterro está todo recoberto.”
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Sobre o chorume, o prefeito argumenta que o tratamento já é eficiente: “O tratamento de chorume é bem tratado nas lagoas. E mais do que isso: nós compramos aí, estamos comprando um equipamento que trata 300 mil litros de chorume por dia, que é o dobro do que se necessita. Ele pega o chorume e transforma ele em água desmineralizada. Então é um espetáculo.”
A Semad, no entanto, aponta que parte do chorume percola o solo e o restante vai para a rede da Saneago. Mabel afirma: “O chorume de hoje, que nós jogamos ele, tratamos ele, e por causa de uma substância que a gente não consegue tirar no nosso tratamento, nós colocamos ele na estação de tratamento da Saneago. Ele é praticamente pronto para devolver diretamente para o rio.”
Sobre a emissão de gases, o relatório estadual alerta para risco de explosão, apontando chaminés inativas. O prefeito garante o funcionamento: “Todos os chaminés de gases lá estão funcionando. Eu pedi uma autorização que a secretária deu, que é para mim já poder negociar a colocação de uma empresa para fazer a extração do gás comercialmente.”
Mabel pretende que o biogás seja usado no transporte público. “Hoje eu queimo, eu queimo dinheiro lá. Então eu vou colocar uma empresa que extrai gás e me paga. Ela vai fazer inclusive o biometano para os ônibus. E nós queremos esse biometano para os ônibus.”
A Semad também questiona o laudo técnico apresentado pela Prefeitura. Mabel rebate: “O Crea disse que não tem de forma nenhuma condição de se fazer um laudo desse sem o responsável técnico ser um engenheiro, com registro no Crea. E o laudo deles vem sem o registro.”
O prefeito critica a proposta de destinar os resíduos da capital para um aterro privado: “Eles querem que eu pegue 10 milhões por mês a mais para colocar um lixo num aterro privado, sendo que o nosso aterro, ele está operacionalizando. E esse prefeito tem vontade de operacionalizar mais ainda.”
Mesmo com decisão judicial suspendendo a licença municipal, Mabel segue apostando em ampliar a tecnologia no local: “Eu não quero mais fazer aterro sanitário. Isso não existe mais. Hoje eu fui visitar em Milão e visitei em outros lugares. O lixo do dia é totalmente processado.”
O prefeito admite que o prazo para resolver as pendências é curto. “Nós temos um ano pra arrumar isso, porque a lei derrubou o veto do governador à emenda do Wagner Neto.” E reforça: “Eu vou arrumar esse aterro, que vai ficar um aterro mais lindo.”
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