Cumprindo agenda internacional no território de dois de seus principais parceiros comerciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado esforços para fortalecer os laços econômicos com China e Rússia para buscar alternativas para impulsionar a economia brasileira em meio à crescente tensão comercial, agravada pela política protecionista do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, com exportações brasileiras para o país asiático em US$ 104,3 bilhões em 2023, o que supera a soma das vendas para Estados Unidos e União Europeia. Durante visita oficial ao país asiático, Lula busca diversificar a pauta de exportações brasileiras, tradicionalmente concentrada em commodities como soja e minério de ferro e ampliar investimentos chineses em setores como infraestrutura, tecnologia e inovação.
A viagem presidencial inclui a assinatura de mais de 20 acordos bilaterais que abrangem áreas como comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática e paz e segurança mundial. Dentre os projetos destacados estão parcerias para construção de rodovias, ferrovias e hidrelétricas, além do desenvolvimento conjunto de satélites, como o CBERS-6.
Dia da Vitória
Antes de sua visita à China, Lula participou do desfile do Dia da Vitória em Moscou, ao lado do presidente russo Vladimir Putin. Durante sua estadia na Rússia, Lula buscou ampliar o comércio bilateral, especialmente em fertilizantes e diesel, e assinou acordos de cooperação científica e tecnológica. Além disso, em reunião com Putin, o petista criticou a guerra tarifária promovida por Trump.
A estratégia de Lula de estreitar laços com China e Rússia ocorre em um contexto de realinhamento geopolítico, onde a parceria entre esses dois países molda a nova ordem internacional. Embora essa aproximação possa trazer benefícios econômicos, a visita acontece em um contexto de tensão comercial, sobretudo entre os chineses e os americanos, e o governo brasileiro enfrenta o desafio de manter um equilíbrio diplomático ao evitar tensões com os Estados Unidos.
Internamente, a diversificação da pauta de exportações e a atração de investimentos em setores estratégicos são vistos como fundamentais para o crescimento econômico sustentável do Brasil. A busca por parcerias em áreas como tecnologia, energia limpa e infraestrutura visa não apenas fortalecer a economia, mas também posicionar o Brasil como um ator relevante no cenário internacional.
Em suma, a política externa de Lula, marcada pela aproximação com China e Rússia, representa uma tentativa de redefinir o papel do Brasil no mundo, na busca por oportunidades econômicas em um ambiente global em transformação.
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De olho em 2026
Ademais, a tentativa vem em um momento de fragilidade da economia brasileira. A alta da inflação — que influencia no preço dos alimentos e da energia — tem prejudicado a popularidade do governo. De olho na disputa eleitoral de 2026, quando Lula deve ser candidato à reeleição, o petista vê a recuperação da economia e seu impulsionamento como uma de suas principais pautas.
Para além da polarização política e dos discursos ideológicos, o governo atual precisa de resultados concretos para disputar e ter chances reais de vencer a próxima corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto. (Especial para O Hoje)