Líderes europeus articulam um plano de paz em doze pontos para encerrar a guerra na Ucrânia, segundo o G1 com informações da agência Bloomberg. O esboço, que ainda será apresentado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê o fim dos combates na atual linha de frente e a criação de um conselho de paz supervisionado por Trump. Em troca, a Europa retiraria gradualmente as sanções impostas à Rússia desde 2022.
A proposta incluiria ainda garantias de segurança à Ucrânia, retorno de crianças sequestradas, trocas de prisioneiros e fundos para reconstrução do país. O acordo também garantiria a entrada rápida de Kiev à União Europeia. Caso Moscou voltasse a atacar, as sanções seriam restabelecidas, e os bens russos congelados, devolvidos apenas após o cumprimento do tratado. Ucrânia e Rússia negociariam, posteriormente, a governança dos territórios ocupados, sem reconhecimento formal de anexação por parte de Kiev ou dos europeus.
Moscou sob pressão de líderes europeus
Nesta terça-feira (21), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e líderes europeus, apoiaram os esforços de paz de Trump. Em comunicado conjunto, eles afirmaram que a atual linha de contato deve servir como “ponto de partida” nas negociações com a Rússia. “Apoiamos de maneira veemente a posição do presidente Trump de que os combates devem cessar imediatamente”, diz o texto.
Os líderes europeus reiteraram o compromisso de manter a Ucrânia “na posição mais forte possível antes, durante e após qualquer cessar-fogo” e defenderam que as fronteiras internacionais não devem ser alteradas pela força. Apesar do apoio ao plano, pediram que as sanções e a pressão econômica sobre Moscou sejam intensificadas até que o presidente Vladimir Putin se mostre disposto a negociar.
O comunicado, assinado por nove países europeus, incluindo a França, Reino Unido e Alemanha, antecede o encontro de cúpula em Bruxelas, previsto para quinta-feira (23), e uma reunião da “Coalizão de Voluntários”, marcada para sexta-feira (24), que deve discutir o financiamento contínuo a Kiev.
Moscou resiste e ataques continuam
O Kremlin declarou que suas condições para a paz permanecem inalteradas desde a cúpula de agosto entre Putin e Trump e que ainda não há previsão para uma nova reunião. Trump, por sua vez, disse que busca encerrar a guerra, embora tenha reconhecido a dificuldade em alcançar um acordo. Após conversa com Putin em 16 de outubro, o republicano anunciou que o secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, podem se reunir nesta semana para preparar uma cúpula em Budapeste.
Vladimir Putin e Donald Trump em cúpula no Alaska (Foto: Divulgação/ Casa Branca)
Trump também voltou a comentar as chances de vitória da Ucrânia, adotando um tom mais cético. “Eu não acho que eles vão, mas ainda podem vencer”, disse na segunda-feira (20). As declarações contrastam com declarações anteriores, quando ele havia afirmado que Kiev estava “em posição de lutar e vencer”. Zelensky esteve em Washington na sexta-feira (17) para pedir novos mísseis e apoio militar, mas não obteve resultados concretos.
Enquanto as negociações se desenrolam, ataques russos voltaram a atingir a região de Chernihiv, no norte da Ucrânia, deixando milhares de pessoas sem energia e água. O Ministério da Energia informou que os reparos estão sendo adiados devido à ameaça de novos bombardeios. Segundo o governo, drones russos têm sobrevoado instalações danificadas para impedir os trabalhos e “prolongar deliberadamente a crise humanitária”. Zelensky afirmou que as equipes já atuam na restauração e acusou Moscou de usar o frio como arma de terror contra a população.