O hábito de lavar roupas fora de casa, antes restrito a um público específico, começa a ganhar espaço entre os brasileiros. Atualmente, cerca de 5% da população utiliza serviços de lavanderia, mas as projeções indicam que essa participação pode dobrar até 2030, ultrapassando a marca de 10%. O crescimento acompanha a popularização do modelo de autosserviço, no qual o próprio cliente opera a máquina, já equipada com sabão e amaciante, enquanto aguarda o ciclo de lavagem em um espaço adaptado para conveniência.
A Associação Nacional das Empresas de Lavanderia (Anel) estima que o país já tenha mais de 27 mil estabelecimentos em operação, sendo mais de 3 mil no formato autônomo. Entre 2019 e 2024, o setor cresceu 44%, enquanto o segmento de limpeza e conservação, que inclui essas unidades, avançou 11,6% apenas em 2024. Com esse ritmo, a expectativa é de que o mercado nacional movimente até R$ 20 bilhões na próxima década.
Mudança de hábitos urbanos
Vários fatores explicam esse movimento. O ritmo acelerado da vida urbana, a diminuição do número de empregados domésticos e a redução do espaço das residências têm levado a população a buscar alternativas fora de casa. A verticalização das cidades, com apartamentos compactos e famílias menores, também colabora. Além disso, o público mais jovem tende a valorizar a praticidade e a sustentabilidade, ampliando a demanda pelo serviço.
Segundo especialistas, houve uma transformação no perfil do consumidor. Se antes era comum enviar às lavanderias apenas peças sociais, roupas delicadas ou cobertores, hoje a clientela inclui moradores sozinhos e casais que preferem lavar o jeans e a camiseta do dia a dia em máquinas coletivas, sem precisar investir em eletrodomésticos caros ou arcar com custos elevados de água e energia em casa.
Custos e conveniência
O preço médio para lavar e secar até 10 quilos de roupas gira em torno de R$ 15, com produtos de limpeza incluídos. Além do custo, a conveniência tem peso importante. A maioria das lojas funciona em horários estendidos, das 7h às 22h em dias úteis e até mesmo aos domingos e feriados. Como o modelo é totalmente automatizado e não depende de funcionários, o pagamento eletrônico garante agilidade e reduz riscos de inadimplência.
Outro atrativo está na economia ambiental. Estimativas apontam que uma família de quatro pessoas pode reduzir em mais de 3 mil litros o consumo de água por mês ao optar por lavanderias coletivas em vez do uso doméstico. Um ciclo de lavagem e secagem completo pode ser concluído em até 75 minutos, enquanto máquinas residenciais levam mais de 270 minutos.
O preço médio para lavar e secar 10 kg de roupas gira em torno de R$ 15
Goiás no radar
No Centro-Oeste, especialmente em Goiás, a expansão tem sido acelerada. Em Goiânia, novas unidades vêm surgindo em bairros residenciais e condomínios, acompanhando o aumento de prédios que já entregam lavanderias compartilhadas aos moradores. Redes regionais têm apostado em inaugurações consecutivas, buscando aproveitar o potencial de uma população que adota cada vez mais soluções práticas para o dia a dia.
A presença em condomínios é outro diferencial competitivo. O modelo reduz o custo de aquisição de máquinas individuais e ainda gera economia coletiva. Hotéis e universidades também aparecem como mercados estratégicos. No edifício Copan, em São Paulo, por exemplo, moradores já utilizam lavanderias compartilhadas como alternativa ao espaço doméstico, tendência que começa a se repetir em grandes centros de Goiás.
Desafios e perspectivas
Apesar do otimismo, o setor enfrenta desafios. A rápida proliferação de unidades levou ao surgimento de negócios sem experiência ou tecnologia adequada, o que pode comprometer a qualidade do serviço. Especialistas acreditam que haverá uma seleção natural, na qual marcas mais estruturadas sobreviverão e consolidarão o mercado.
Para investidores, o modelo apresenta atratividade por exigir menos mão de obra e oferecer retorno previsível. O investimento inicial médio para abrir uma lavanderia de aproximadamente 50 metros quadrados é estimado em R$ 200 mil, mas há formatos mais compactos a partir de R$ 100 mil. Franqueados relatam que a ausência de funcionários e a automação dos pagamentos tornam a operação mais simples do que negócios tradicionais do varejo.
A popularização das lavanderias de autosserviço reflete mudanças nos hábitos urbanos e nas formas de consumo. Em um cenário de cidades cada vez mais verticais, tempo escasso e busca por sustentabilidade, o setor se consolida como alternativa prática e eficiente. Em Goiás e em outros estados, a expansão deve continuar nos próximos anos, atraindo tanto consumidores quanto empreendedores em busca de oportunidades de negócios.
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