A situação do Abrigo Lar dos Animais, localizado no Setor Residencial Goyaz Park, em Goiânia, será pauta de uma audiência judicial convocada pela 3ª Vara da Fazenda Pública Municipal.
O encontro, marcado para o dia 20 de maio, às 15h30, foi determinado pelo juiz André Reis Lacerda e tem como objetivo avaliar as condições atuais do abrigo, o estado de saúde dos animais acolhidos e o plano de trabalho apresentado pela Prefeitura de Goiânia como resposta à crise enfrentada pela instituição. Até 2023, o local chegou a abrigar cerca de 700 animais resgatados de abandono e maus-tratos.
A convocação da audiência ocorre em um momento crítico para o abrigo, que enfrenta uma ordem de despejo e graves dificuldades financeiras. O juiz determinou que a Prefeitura apresente, até 48 horas antes do encontro, um relatório detalhado com o número atual de animais abrigados, as condições sanitárias e estruturais do local, além de um levantamento técnico sobre os casos mais vulneráveis.
A exigência parte da necessidade de garantir que os direitos dos animais sejam respeitados e que qualquer plano emergencial esteja baseado em dados atualizados e confiáveis.
Diversas instituições públicas e da sociedade civil foram chamadas para participar da audiência, incluindo representantes da Procuradoria Municipal, da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), da Unidade de Pronto Atendimento Veterinário (Upa Vet), do Centro de Controle de Zoonoses, da Rede de Proteção Animal, do Instituto Transformare, do próprio abrigo e do Ministério Público do Estado de Goiás. A proposta é discutir não apenas a situação emergencial do abrigo, mas também estabelecer medidas estruturadas e de longo prazo para resolver a crise.
Entre os pontos que devem ser debatidos estão a criação de protocolos para casos emergenciais, a definição de um cronograma escalonado de ações e a divisão clara de responsabilidades entre os órgãos envolvidos. A audiência também buscará estabelecer mecanismos de transparência, com acompanhamento contínuo e prestação de contas à sociedade, além de traçar estratégias para o destino adequado dos animais, especialmente aqueles em situação de maior fragilidade.
Fragilidade da política de proteção animal
A crise do abrigo ganhou novos contornos após denúncias recentes envolvendo a qualidade da ração fornecida pela Prefeitura de Goiânia. De acordo com a responsável pelo local, a Amma teria entregue ração com cheiro ruim, aspecto mofado e umidade, tornando o produto impróprio para o consumo dos animais. A denúncia gerou indignação entre protetores e ativistas, que já apontavam a negligência do poder público com a causa animal.
Em resposta, a Amma alegou que a ração estava dentro do prazo de validade e que, após tomar ciência da denúncia, adotou providências cabíveis. A Agência também reiterou seu compromisso com o bem-estar animal e garantiu que eventuais falhas serão corrigidas. No entanto, para quem acompanha o drama do abrigo, a situação evidencia a precariedade da política de proteção animal na capital.
A reportagem tentou entrar em contato com os administradores do Abrigo Lar dos Animais, mas até a publicação desta matéria ainda não obtivemos respostas.
O Abrigo tornou-se, ao longo dos anos, referência no resgate e cuidado de cães e gatos abandonados. A possível interrupção das atividades preocupa não apenas os voluntários, mas também a população que recorre ao espaço para acolher animais em risco.
Leia mais: Descartes irregulares de pneus geram multa e apreensão na Capital