O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, anunciou a desapropriação do imóvel onde funcionava o antigo Jóquei Clube de Goiás, no Setor Central, com o objetivo de transformá-lo em um novo equipamento público: o Palácio da Cultura.
A proposta é restaurar e readequar o edifício, símbolo da arquitetura moderna brasileira, para abrigar atividades culturais, educacionais e de lazer voltadas à população. A medida faz parte de um plano mais amplo de revitalização do Centro da capital.
Projetado pelo renomado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o prédio está abandonado há mais de dez anos e acumula dívidas com o município. Segundo a Prefeitura, a área será transferida para o poder público por meio do perdão de uma dívida tributária de aproximadamente R$ 168 milhões. O valor da desapropriação, de acordo com o próprio prefeito, pode ultrapassar R$ 100 milhões, e a negociação foi apresentada como uma forma de valorizar o patrimônio urbano e promover o uso coletivo do espaço.
“Estamos resgatando um patrimônio que faz parte da história da cidade. O Palácio da Cultura será um ponto de encontro para os goianienses, um espaço para a arte, a educação e o lazer. É a realização de um sonho e o cumprimento de um compromisso assumido com a população”, declarou Mabel, durante evento na antiga Estação Ferroviária, onde também foi lançado o calendário em comemoração aos 100 anos do estilo Art Déco na cidade.
A proposta da Prefeitura envolve a preservação das características arquitetônicas do edifício, considerado um marco da arquitetura modernista, com reconhecimento nacional. Estudos técnicos serão realizados para garantir que a recuperação respeite o valor histórico e cultural do local, e para definir a melhor forma de readequação do espaço.
A reestruturação será alinhada às diretrizes do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que prevê a recuperação de estruturas existentes como estratégia para racionalizar os recursos públicos e estimular a ocupação do Centro.
O governador Ronaldo Caiado elogiou a iniciativa e declarou apoio institucional do Estado ao projeto. “O Jóquei Clube largado daquela maneira como está é um desperdício. O Estado vai entrar em parceria com o prefeito Sandro Mabel para resgatar aquele espaço, criando uma nova dinâmica funcional naqueles prédios e contribuindo com a revitalização do Centro de Goiânia”, afirmou Caiado.
O projeto também tem apelo simbólico: o Jóquei Clube foi, durante décadas, um dos espaços mais prestigiados da capital, recebendo eventos sociais e culturais. Sua decadência, marcada pelo abandono, pela deterioração do prédio e pelas dívidas acumuladas, transformou o local em exemplo da degradação urbana do Centro. Agora, com a nova proposta, o espaço poderá ser ressignificado e devolvido à população.
A Prefeitura ainda não divulgou um cronograma oficial para o início das obras de recuperação, mas garantiu que a fase inicial será de levantamento técnico e planejamento urbanístico. A expectativa é que o Palácio da Cultura conte com salas multiuso, auditório, biblioteca, galerias de arte e ambientes para oficinas, exposições e eventos culturais. Além disso, deve haver integração com outros projetos de mobilidade e acessibilidade na região central.
A transformação do antigo Jóquei Clube em um centro cultural vem sendo discutida desde o período eleitoral, quando Mabel incluiu a proposta em seu plano de governo. A negociação com os responsáveis pelo imóvel se intensificou nos primeiros meses de 2025 e culminou no anúncio da desapropriação como forma de saldar os débitos acumulados pelo clube ao longo dos anos. A medida apresentada como vantajosa para ambas as partes é considerada um marco na política de recuperação do patrimônio histórico da capital.
A proposta tem repercutido positivamente entre urbanistas e setores ligados à cultura. Entidades defendem que a requalificação do prédio pode contribuir para movimentar economicamente o Centro, atrair novos públicos para a região e consolidar políticas públicas de fomento à arte e à educação. A criação do Palácio também dialoga com o resgate da memória afetiva da cidade, que tem no Jóquei Clube um de seus ícones.
Com a desapropriação já anunciada, o próximo passo será a formalização jurídica do processo, seguido pela elaboração do projeto arquitetônico e início da recuperação estrutural. A Prefeitura informou que buscará parcerias com instituições culturais, universidades e iniciativa privada para garantir a sustentabilidade financeira e programática. “Mais do que recuperar um prédio, estamos recuperando um pedaço da história de Goiânia e investindo no futuro da nossa cultura”, concluiu Mabel.
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