O governo de Israel confirmou nesta segunda-feira (6) a deportação da ativista sueca Greta Thunberg e de outros 170 participantes da Flotilha Global Sumud, o grupo navegava em direção à Faixa de Gaza quando foi interceptado por forças israelenses. As embarcações — 41 ao todo, tinham como objetivo levar ajuda humanitária ao território palestino.
Em comunicado publicado na rede X, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que “mais 171 provocadores da flotilha Hamas–Sumud, incluindo Greta Thunberg, foram deportados hoje de Israel para a Grécia e a Eslováquia”, e acrescentou que “todos os direitos legais dos participantes deste espetáculo de relações públicas foram e continuarão sendo plenamente respeitados”.
A publicação divulgou ainda, fotos de Greta e outros ativistas no aeroporto antes do embarque. A sueca desembarcou na Grécia horas depois, onde discursou a um grupo de apoiadores reunidos no aeroporto de Atenas.
Greta declarou que decidiu participar da iniciativa porque “ninguém foi acudir o povo palestino” e fez apelos para que pessoas influentes usem suas posições “para deixarem de ser coniventes” e se posicionarem sobre a situação em Gaza. A ativista evitou comentar as denúncias de maus-tratos que circularam enquanto ela estava sob custódia israelense.
No domingo (5), as autoridades israelenses negaram relatos de que Greta teria sido maltratada durante a detenção, após denúncias feitas por dois ativistas já deportados. As acusações foram chamadas de “mentiras descaradas” e “alegações ridículas e infundadas”.
O governo informou que pretende concluir as deportações “o mais rápido possível”. E diz já ter enviado de volta ao menos 340 dos cerca de 450 ativistas detidos. A pasta afirma ainda que parte dos participantes se recusou a agilizar o processo, optando por permanecer sob custódia.
Segundo as autoridades israelenses, os ativistas deportados são cidadãos da Europa e dos EUA.
A interceptação da flotilha provocou reações em vários países. O governo brasileiro apresentou uma denúncia contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, na sexta-feira (4), alegando que a operação violou normas internacionais.
Segundo o Itamaraty e a organização da flotilha, 15 brasileiros integravam o grupo, desses 14 foram detidos, um foi deportado no sábado (4), e até a última atualização 13 seguem em Israel. Entre os que continuam sob custódia está a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).
Ainda na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que Israel “violou as leis Internacionais ao interceptar os integrantes da “Flotilha Global Sumud”, entre eles cidadãos brasileiros, fora de seu mar territorial. E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país”.
No total, mais de 400 ativistas foram presos em 41 embarcações, encerrando a tentativa da Flotilha Global Sumud de romper o bloqueio imposto por Israel e alcançar o enclave palestino. O governo de Benjamin Netanyahu mantém um bloqueio marítimo, terrestre e aéreo à Faixa de Gaza desde o início da guerra contra o Hamas.
A flotilha pretendia levar mantimentos e dar visibilidade à crise humanitária em Gaza, agravada pela guerra entre Israel e o Hamas, que completará dois anos nesta terça-feira (7). O conflito começou com o ataque do grupo palestino a território israelense, em 2022, que deixou mais de 1.200 mortos e centenas de reféns. Desde então, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, calcula mais de 67 mil mortos e quase 170 mil feridos.