O mais recente relatório divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revelou dados preocupantes sobre a qualidade do fornecimento de energia em Goiás. A concessionária responsável pelo serviço no estado, Equatorial Goiás, descumpriu os limites de duração e frequência de quedas de energia em boa parte das regiões atendidas.
Em 72% dos 147 conjuntos de unidades consumidoras analisados, o tempo sem energia foi superior ao permitido. Em 76 desses conjuntos, a quantidade de interrupções também ultrapassou o limite regulatório.
O caso mais grave registrado em 2024 foi o do conjunto Britânia, onde os consumidores ficaram, em média, 62,2 horas sem energia no ano, quase o triplo do limite de 23 horas estabelecido pela Aneel. Essa região abrange ainda trechos de municípios como Aruanã, Itapirapuã, Jussara, Matrinchã, Montes Claros e Santa Fé de Goiás.
Outro dado alarmante veio do conjunto Matrinchã, que reúne áreas de Araguapaz, Faina, Goiás e Britânia. Ali, os moradores enfrentaram em média 26,98 quedas de energia em 2024 — mais que o dobro do limite de 12 interrupções anuais permitido pela agência reguladora.
Enquanto isso, Goiânia teve os melhores resultados. Nos bairros da capital, o fornecimento de energia elétrica mostrou estabilidade. No conjunto Ferroviário 52, por exemplo, os consumidores ficaram apenas 0,88 horas sem luz ao longo do ano, com uma média de 0,56 quedas. Os limites para essa região são de 7 horas de duração e até 5 interrupções por ano. Dos cinco conjuntos com os menores índices de desligamento, quatro são exclusivamente de Goiânia, e um inclui bairros de Aparecida de Goiânia.
Apesar das falhas registradas, a Equatorial Goiás afirma que houve avanços significativos em comparação com anos anteriores. A empresa destacou que superou as metas acordadas com a Aneel em 2024, com redução média de 10,2 horas no tempo total de quedas (DEC) e de 5,5 vezes na frequência das interrupções (FEC).
A concessionária também divulgou que o índice de Desempenho Global de Continuidade (DGC) caiu de 1,66 em 2023 para 1,19 em 2024, o que indica uma melhoria no serviço, embora ainda distante do ideal para milhares de consumidores.
Mesmo com a melhora nos índices, a Equatorial Goiás ficou em penúltimo lugar entre as 31 distribuidoras de grande porte avaliadas pela Aneel em 2024. A classificação leva em conta o DGC, formado pela média entre a duração e a frequência das quedas em comparação com os limites estipulados para cada região.
Segundo o relatório, o consumidor goiano ficou, em média, 15,91 horas sem energia em 2024 — número bem acima do limite de 1,43 estipulado para a duração do serviço interrompido. A frequência de quedas (FEC), por outro lado, foi de 7,61 — valor ligeiramente abaixo do teto de 7,73. Em 2023, os dados foram ainda piores: a duração média sem luz era de 21,58 horas e a frequência das quedas, de 11,16.
Para tentar reverter o cenário, a Equatorial afirmou que investiu cerca de R$ 4 bilhões em dois anos. Segundo a empresa, os recursos foram aplicados na modernização de 203 subestações, construção de seis novas unidades e ampliação de linhas de distribuição. No entanto, para quem vive no interior, os dados mostram que ainda há um longo caminho até a melhoria real do serviço.
Moradores de cidades mais afastadas continuam sendo os mais prejudicados pelas falhas na rede elétrica, enquanto os dados demonstram que os centros urbanos recebem uma atenção bem maior da concessionária. Diante disso, o desafio é garantir que os investimentos cheguem também às áreas rurais e aos pequenos municípios, para que todos os goianos possam contar com energia elétrica de forma estável.
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