O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas), que atende os funcionários da prefeitura de Goiânia com plano de saúde, passará por uma transformação completa em sua estrutura de funcionamento. O prefeito Sandro Mabel (União Brasil) anunciou em entrevista à TV Anhanguera que o modelo atual será substituído por uma gestão terceirizada na parte operacional a partir do início de 2026, por meio de uma licitação pública.
Antes mesmo da licitação, o Imas já começou a passar por mudanças. O prefeito exonerou o então presidente, o ex-vereador Paulo Henrique da Farmácia (SD), e nomeou Gardene Moreira para o cargo. Gardene já esteve à frente do instituto na gestão anterior, durante o mandato do ex-prefeito Rogério Cruz.
Em nota ao jornal O HOJE, a prefeitura informou que está em andamento um processo de reestruturação do plano, com o objetivo de melhorar a administração e garantir mais qualidade no atendimento. A gestão afirma estar seguindo uma série de determinações do Ministério Público de Goiás (MP-GO), incluindo um plano de transformação estrutural.
Esse plano, segundo a prefeitura, prevê medidas como: estabilização do quadro de pessoal, modernização dos processos internos, reorganização financeira, melhoria na fiscalização dos contratos e acompanhamento da execução dos serviços.
Outro ponto destacado é a regularização dos pagamentos aos prestadores de serviço com contratos ativos, além da ampliação do diálogo com a rede credenciada. O Imas também afirma estar investindo em transparência e sustentabilidade na gestão, buscando um modelo que atenda melhor os usuários, com mais eficiência e menos falhas.
Ministério Público cobra soluções concretas
Em maio, o MP-GO se reuniu com Mabel e representantes da nova gestão do Imas para discutir problemas e propor soluções. O encontro contou com a presença da coordenadora da Área da Saúde do MP, Marlene Nunes, e dos promotores Carmem Lúcia Santana e Cassius Marcellus de Freitas Rodrigues.
Durante a reunião, foi discutida a possibilidade de firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com prazos e metas claras para reorganizar o instituto. Segundo o MP, ainda existem irregularidades sob investigação, e o diálogo busca evitar medidas mais drásticas, como a extinção do órgão.
Em setembro, o MP estabeleceu um prazo final para o Imas entregar seu Plano de Transformação Estrutural: o dia 16 de outubro. Essa decisão foi tomada em uma reunião realizada na sede do MP, onde promotores e representantes do instituto e de órgãos de controle discutiram a situação da entidade.
Durante o encontro, os promotores destacaram problemas sérios no funcionamento do instituto, principalmente no atendimento de saúde aos servidores, e a necessidade urgente de mais transparência na gestão. Foi ressaltado que a falta de confiança da população na instituição é resultado de irregularidades que se acumularam ao longo dos anos, sendo crucial reconstruir um vínculo sólido com os usuários.
Gardene informou que a entidade enfrenta grandes dificuldades, com cargos importantes ainda vagos (como o da secretaria executiva e da Diretoria de Assistência à Saúde) e gargalos financeiros e organizacionais, dependendo totalmente da prefeitura. Ela revelou a dimensão do desafio: a dívida do Imas está estimada em mais de R$ 145 milhões. Apesar disso, a gestão afirmou estar empenhada em encontrar soluções.
Os relatos de quem depende diariamente do instituto mostram que os problemas continuam, e afetam diretamente a vida dos pacientes. É o caso do aposentado Carlos de Lima, de 75 anos, que está em tratamento contra o câncer. “Estou em tratamento oncológico e às vezes o Imas trava autorizações. Vejo que é pequeno detalhe de organização”, desabafa.
Carlos relata que, por um problema simples no sistema, exames essenciais para o seu tratamento atrasam. “Teve uma vez que eu precisava fazer um hemograma para ver se minha imunidade estava em condições de receber a quimioterapia, mas o Imas autoriza a partir de 30 dias e a quimioterapia é de 21 em 21 dias. Isto é um exame que custa menos de 10 reais ao Imas”.
De acordo com ele, o instituto até tem políticas para não cobrar coparticipação de pacientes oncológicos, mas a burocracia impede o bom funcionamento disso. “Para os casos oncológicos o Imas abre mão desta coparticipação e, mesmo que não tiver cota, é autorizado, mas precisa ser provado. Para que não seja cobrado a coparticipação, abre-se um processo para provar o tratamento”.
A raiz do problema, diz Carlos, é o cadastro no sistema: “Cada segurado tem, através de sua matrícula, o cadastro de cada exame realizado. Pra mim, o absurdo é que a nova situação não é jogada, não passa a constar no sistema, na matrícula. Assim, quem vai analisar, não sabe que é tratamento oncológico”.
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