Um plano preliminar do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) revelou a intenção do governo norte-americano de ampliar de forma significativa a capacidade de detenção de imigrantes em situação irregular. A proposta prevê a adaptação de grandes armazéns industriais para funcionar como centros de detenção em larga escala. O objetivo seria acelerar o processo de deportação.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal The Washington Post, o projeto consta em uma minuta de edital interno do ICE. Segundo o documento, os espaços teriam capacidade para abrigar até 80 mil pessoas simultaneamente. Assim, os imigrantes permaneceriam nesses locais enquanto aguardam o envio aos países de origem.
Um alto funcionário do ICE, ouvido pelo jornal americano, comparou o modelo logístico proposto ao funcionamento de centros de distribuição de grandes empresas. A analogia foi feita ao sistema da Amazon Prime, porém aplicado à custódia de pessoas. A comparação gerou repercussão imediata entre entidades de defesa dos direitos humanos.
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Estrutura prevê triagem e centros de grande porte de imigrantes
Conforme o plano, o sistema funcionaria em etapas. Inicialmente, 16 unidades menores seriam utilizadas como pontos de triagem. Em seguida, os imigrantes seriam transferidos para centros de detenção de grande porte. Algumas dessas estruturas teriam capacidade para até 10 mil pessoas.
Entre os locais indicados no documento estão cidades como Stafford, no estado da Virgínia, Hutchins, na região de Dallas, no Texas, e Hammond, na Louisiana. Os imóveis passariam por reformas para atender às exigências operacionais do programa.
Armazéns humanos: proposta dos EUA expõe nova estratégia para expulsar imigrantes. Foto: Divulgação
O projeto prevê áreas residenciais com banheiros, cozinhas e refeitórios. Além disso, os centros contariam com unidades médicas, bibliotecas jurídicas, espaços de recreação, áreas administrativas e setores de triagem. Em alguns casos, haveria estruturas destinadas a famílias.
Número de detenções e resposta do ICE
No início de dezembro, o ICE registrou a detenção de mais de 68 mil imigrantes, o maior número já contabilizado pelo órgão. Desse total, aproximadamente 48% não possuem condenações criminais nem acusações pendentes, segundo dados citados na reportagem do Washington Post.
Em nota enviada ao jornal, o ICE informou que o sistema proposto busca otimizar recursos. Segundo o órgão, a intenção é maximizar a eficiência operacional, reduzir custos, diminuir o tempo de processamento dos casos e acelerar o processo de remoção. O comunicado também afirma que a iniciativa pretende garantir segurança, dignidade e respeito às pessoas sob custódia.
O plano, no entanto, ainda se encontra em fase de rascunho. Portanto, está sujeito a alterações. Atualmente, o modelo adotado pelo ICE consiste na transferência dos detidos para qualquer unidade com vagas disponíveis até a deportação.
Logística de mercado chega à imigração: EUA planejam centros gigantes de detenção. Foto: Divulgação
Incentivo financeiro à saída voluntária
Paralelamente à ampliação da estrutura de detenção, o governo do presidente Donald Trump anunciou uma nova medida relacionada à política migratória. O valor oferecido a imigrantes em situação irregular que aceitarem deixar o país voluntariamente foi elevado para US$ 3 mil, o equivalente a cerca de R$ 16,7 mil.
A medida foi divulgada pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) na segunda-feira (22/12). Segundo o órgão, o pagamento foi apresentado como um incentivo para a saída voluntária até o fim do ano. A secretária do DHS, Kristi Noem, descreveu a iniciativa como um gesto de generosidade do governo americano.







