Os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que Goiás alcançou 59,42% de população ocupada e figura entre os cinco Estados com maior percentual de trabalhadores do País. No total, 3,4 milhões de pessoas com 14 anos ou mais estavam empregadas na semana de referência — de 25 a 31 de julho de 2022. O Estado fica atrás apenas de Santa Catarina (63,45%), Distrito Federal (60,43%), Paraná (60,28%) e Mato Grosso (60,28%).
Apesar do bom desempenho em termos de ocupação, a análise aprofundada revela um desafio estrutural: a renda média dos trabalhadores ainda é baixa e desigual. Mulheres com ensino superior recebem 38,1% a menos que homens na mesma função, enquanto profissionais negros com diploma ganham 31,2% a menos do que colegas brancos. Essa disparidade evidencia que a simples geração de empregos não garante prosperidade nem equidade social.
Goiás também é o quarto Estado do País com maior percentual de pessoas que trabalham fora do município onde residem — 13,42% dos trabalhadores exercem suas funções em cidades diferentes da de origem. Municípios do Entorno do Distrito Federal, como Novo Gama (53,19%), Santo Antônio do Descoberto (51,15%), Águas Lindas de Goiás (50,94%) e Valparaíso de Goiás (50,83%), lideram a lista no Estado. Esses números reforçam a necessidade de políticas que conectem oportunidades de emprego à qualificação e à mobilidade regional.
Para o especialista em educação para negócios Davi Braga, esses dados refletem o chamado “teto de vidro” da qualificação. “Goiás consegue gerar ocupação, mas ainda falha em criar trilhas de carreira para funções de maior valor agregado. O Estado precisa conectar o emprego à prosperidade por meio da educação focada em gestão, tecnologia e competências globais. Sem isso, desigualdades históricas vão se perpetuar”, avalia.
O mercado oferece muitas vagas, porém a maioria concentra-se em funções operacionais de menor complexidade e remuneração. A falta de trilhas de carreira estruturadas mantém desigualdades históricas, mesmo entre profissionais qualificados, prejudicando a mobilidade social e a distribuição de renda.
Braga afirma que a qualificação profissional é a chave para transformar a ocupação em prosperidade. “As competências mais valorizadas atualmente são gestão, resolução de problemas complexos e domínio de tecnologias, incluindo Inteligência Artificial. Investir em educação de alta performance conecta o emprego à renda de qualidade, reduz desigualdades e fortalece a economia”, explica.
Alternativa eficaz para Goiás e o Brasil
Agência Brasil
O empreendedorismo também aparece como alternativa eficaz para aumentar a renda e promover inclusão social. Braga destaca que criar negócios próprios permite aos indivíduos gerar oportunidades mais inclusivas e personalizadas, o que estimula um ecossistema econômico mais dinâmico e equitativo.
“Apoiar o empreendedorismo com acesso a crédito, menos burocracia e capacitação de qualidade é fundamental para pulverizar a geração de riqueza e criar novas oportunidades em Goiás”, enfatiza.
O setor privado tem papel crucial na redução das desigualdades salariais. Braga recomenda investimentos estratégicos em planos de carreira claros, gestão baseada em resultados e promoção da diversidade. Assim, mulheres e profissionais negros teriam acesso mais justo a posições de destaque e remuneração compatível com suas competências.
Apesar dos desafios, o especialista se mostra otimista quanto ao futuro do mercado de trabalho goiano. “Goiás tem energia empreendedora e capacidade comprovada de gerar empregos. O Censo nos mostra onde estamos e indica o próximo desafio: transformar a força de trabalho em talentos de alta performance. O futuro será construído com educação, inovação e valorização da diversidade.”
Goiás se destaca por sua alta taxa de ocupação, mas ainda enfrenta um problema estrutural de baixa renda e desigualdade. Investir em qualificação profissional, educação tecnológica e empreendedorismo surge como caminho para transformar empregos em oportunidades reais de prosperidade e reduzir disparidades históricas.
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